segunda-feira, 14 de maio de 2012

"Cuba livre" a voz de um povo lutador

Brasília, 13 de maio de 2012
Por Miraldo Vieira

          O 1º de maio em Cuba me fez renovar as esperanças por um mundo mais justo, fraterno e igualitário. O povo cubano foi às ruas empunhando suas bandeiras em defesa do socialismo e contra a opressão norte-americana. Os cartazes pediam liberdade para Cuba e muitos diziam “Socialismo ou morte”.
É impressionante como a mídia espalha pelo mundo afora, que na Ilha tem um ditador e que os cubanos vivem em situação de miséria e fora da realidade do mundo.
   Pois é justamente o contrário. Em Cuba não existe opressão, os adultos e as crianças podem caminhar e jogar bola a qualquer hora do dia ou da noite, como pude constatar nos dez dias que passei não só em Havana, mas também na província de Pinar Del Rio, e em outro extremo da Ilha, na província chamada Matanza. Ao contrário de muitos países do mundo, Cuba não existe violência contra a mulher, como também não existe, mortalidade infantil e ainda:
·      Não há crianças nas sinaleiras ou em colo de adulto mendigando e nem fora da escola. O que vimos foi uma escola prazerosa, ensinando valores humanos. As quintas-feiras, as crianças, antes de iniciar as aulas, apreendem o hino nacional cubano e as segundas e sextas-feiras têm duas horas matinais de educação física;
·      As pessoas andam livremente e sem nenhum medo por toda a cidade e ao cair da tarde os casais se encontram no Malecon (avenida principal da orla marítima de Havana);
·      A hospitalidade dos cubanos é algo impressionante, estão sempre alegres e orgulhosos dos seus ídolos. Os mais lembrados são: o comandante Che Guevara, o comandante Fidel Castro e José Martí. Nenhum estrangeiro sai da Ilha sem ouvir o povo reverenciar estes que são o orgulho dos cubanos;
    Ouvi de um cubano aposentado e ainda defendendo o socialismo, a seguinte frase: “aqui, se uma pessoa precisa de um marca-passo não se pergunta se ela é a favor ou contra a revolução, aqui todos somos iguais independentemente de sua cor, crença ou opção política”. Isso me fez lembrar os dias em que meu tio ficou no corredor de um hospital público em Salvador e quando estava se preparando para ir a um apartamento, chegou um amigo de um diretor do hospital e meu tio perdeu a vaga.
    A Praça da Revolução, no centro de Havana, ficou pequena para a quantidade de pessoas que foram festejar o 1º de maio, foram milhares de pessoas no mesmo espaço sem nenhum registro de qualquer tipo de violência. Os cartazes e os bonecos, por sinal, muitos criativos e feitos à mão, quebravam um mito de que os cubanos eram obrigados a participar das comemorações. O presidente de Cuba, general Raul Castro, esteve no evento e apenas acenou para a multidão, sendo ovacionado por milhares de trabalhadores, mães e crianças que ali estavam.

A palavra de ordem no 1º de maio de 2012 em Cuba
      Os organizadores do evento escolheram como tema do 1º de maio, “Unidad y Firmeza”, mas o povo cubano, de forma espontânea e criativa, segurava seus cartazes com frases diversas, as que me chamaram mais a atenção foram às seguintes frases:
·      Viva o 1º de maio – “Viva el 1ro de mayo”;
·      Liberdade para nossos 5 heróis - “liberdad para los nuestros cinco héroes”;
·      Viva a Revolução, viva o Socialismo - Viva la Revolución, viva el Socialismo”
·      Trabalhadores por conta própria presentes - “Trabajadores por cuenta propia presentes”;
·      Dignidade ao Trabalho - “Diginidad al Trabajo”;
·      Preservar e aperfeiçoar o Socialismo - “Preservar y perfeccionar el Socialismo”.
        O desfile teve inicio às 8:50h e durou uma hora e dez minutos, mas a multidão começou a chegar as 06:00h da manhã, e a delegação estrangeira, bem como a imprensa, chegaram as 05:00h da manhã, todos queriam ficar o mais próximo possível do desfile para não perder absolutamente nada. Lágrimas rolaram em meu rosto, quando o Secretário Geral da CTC – Central de Trabalhadores de Cuba, Salvador Valdés Mesa, ao terminar seu discurso disse: “Iniciamos nosso desfile, unidos e combativos. Pelo país, por Fidel e Raul, pelo partido, e para preservar a aperfeiçoar a revolução e o socialismo, para aumentar o bem-estar e desenvolvimento do nosso povo. Pela paz e o futuro da humanidade. Vão em frente, compatriotas”.Neste momento os trabalhadores começaram a desfilar, e minha categoria (construção civil) foi a segunda no desfile. A emoção tomou conta de todos nós, principalmente de mim, que pela primeira vez participei do evento e não pretendo perder mais nenhum. Participaram do evento 1.900 representantes de organizações sindicais e movimentos sociais de 117 países.
   Parabéns aos dirigentes Cubanos, as organizações sindicais, a CTC e ao povo cubano pela brilhante aula de civilidade, de amor a pátria e de luta contra o imperialismo norte-americano. Nossos agradecimentos especiais aos camaradas dirigentes sindicais cubanos: Ramon Cardona da CTC, Carlos Oquendo, Misael e Raul, todos dirigentes do ramo da construção civil.

* Miraldo Vieira, é Secretário Geral da CONTRICOM - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Construção e do Mobiliário

quarta-feira, 9 de maio de 2012

É hora de valorizar o Ministério do Trabalho

Wagner Gomes - Presidente da CTB
Depois de cinco meses sob um comando interino, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) finalmente tem um novo ministro. O deputado federal do PDT Brizola Neto foi empossado quinta-feira (3) pela presidente Dilma. O parlamentar conta com o respaldo das centrais sindicais e tem pela frente o desafio de revalorizar a pasta, que ultimamente amarga um progressivo esvaziamento.
São muitas as provas e sinais de perda de prestígio e poder do ministério criado em 1930 por meio de decreto (19.433) assinado pelo então presidente Getúlio Vargas. Atribuições da pasta foram repassadas a outros ministérios, como é o caso do programa de qualificação profissional (Pronatec), transferido ao Ministério da Educação. Os planos setoriais de qualificação profissional não têm recebido recursos do Orçamento desde o segundo semestre do ano passado.
Como se isto não bastasse, o Programa Nacional de Microcrédito, coordenado pelo MTE, sequer é consultado sobre as medidas provisórias que versam sobre o tema. O ministério também ficou de fora do comitê gestor do Plano Brasil Maior e foi excluído inclusive da comissão que estuda a desoneração da folha de pagamentos, assim como dos debates sobre desindustrialização.
Outra evidência do desprezo a que a pasta é relegada pelo governo é o abandono do Conselho Nacional de Relações de Trabalho, criado em agosto de 2010 para a solução de conflitos e formação de consensos relacionados às negociações trabalhistas, emissão de carta sindical e democratização das eleições sindicais.
A Fundacentro, entidade de pesquisa científica e tecnológica com foco na saúde dos trabalhadores, também vive ao deus-dará. O ministério anda à míngua. É notória a escassez de técnicos e fiscais para monitorar as condições de trabalho, o respeito aos preceitos sociais da Constituição e da CLT, a proliferação dos abusos patronais e a vergonha do trabalho escravo em pleno século 21.
Esta situação, que no fundo reflete uma visão neoliberal e patronal sobre as relações de trabalho, é inaceitável para a classe trabalhadora e seus representantes no mundo sindical e político. A agenda para um novo projeto de desenvolvimento nacional pleiteado pela Conclat – fundado na valorização do trabalho, na democracia e na soberania – passa pelo fortalecimento e valorização do MTE.
A CTB confia que o ministro Brizola Neto não medirá esforços para reverter este quadro de depreciação da pasta que hoje dirige. É hora de revitalizar e valorizar o Ministério do Trabalho e, através dele, a classe trabalhadora que produz a riqueza nacional e constitui a esmagadora maioria da nossa sociedade.