quinta-feira, 27 de junho de 2013

Seguir lutando e rejeitar as manobras golpistas da direita

Os acontecimentos da última quinta-feira (20) mostram que tendências contraditórias estão presentes na grande onda de movimentações populares em todo o país. É preciso refletir sobre elas. O movimento popular tem na experiência atual um manancial de ensinamentos para orientar-se corretamente e resguardar-se de atuar como massa de manobra da direita golpista.
Em mais de 100 cidades, dentre elas 25 das 26 capitais, realizaram-se manifestações de massas que mobilizaram mais de um milhão de pessoas. Um movimento cívico, popular, combativo, jovial, irreverente e – pela orientação dos seus organizadores e vontade da maioria dos participantes – pacífico. Mas a direita deu passos importantes na instrumentalização dos protestos e na tentativa de desviá-los para outras finalidades.
As manifestações foram infiltradas por provocadores que realizaram atos violentos e assumiram bandeiras políticas conservadoras. A transformação da luta democrática e social em um cenário de caos e desordem só favorece as forças da direita golpista.
Os atos e passeatas tinham como eixo, desde o seu início há duas semanas, a luta pela redução das tarifas do transporte urbano ou por sua gratuidade total. Num quadro em que esse transporte é caro e de péssima qualidade, em cidades de trânsito congestionado, a reivindicação calou fundo e alcançou enorme adesão popular.
Ao mesmo tempo, em face dos flagrantes contrastes e desigualdades sociais nos grandes centros urbanos, que mais se assemelham a caóticos aglomerados de pessoas do que a cidades humanas e organizadas, a reivindicação em torno da questão dos transportes logo extravasou para outros temas igualmente sensíveis.
Inicialmente incompreendido pelas autoridades que alternaram seu comportamento entre a soberba e a repressão, o movimento transformou-se em gigantesco pronunciamento da população na luta por direitos sociais. Mesmo o protesto contra os gastos com a construção de estádios e outros equipamentos para a Copa do Mundo de 2014 – embora equivocado na sua concepção, mal orientado e propenso à violência – também era compreensível.
Ainda que com plataforma difusa, as manifestações significaram um avanço na consciência política da população. Com o anúncio da redução das tarifas dos transportes em dezenas de cidades – principalmente em São Paulo, onde os protestos tiveram origem – é insofismável que a luta foi vitoriosa e é correto reiterar: lutar é um direito sagrado do povo brasileiro, conquistado a duras penas. Sempre vale a pena lutar.
O sentido das manifestações desta quinta-feira era precisamente o de comemorar a vitória e preparar-se para novos passos.
Mas por incitação da mídia a serviço de interesses antipopulares e antinacionais e de centros de poder que se mantêm ocultos e atuando por meio de algumas redes sociais na internet, as manifestações, em alguns casos, foram infiltradas por grupos de provocadores, que recorrem à violência, aterrorizando a população, depredando ou tentando invadir sedes de ministérios, prefeituras, bancos e estabelecimentos comerciais.
Agrega-se a isto uma deriva conservadora que se expressa por meio do lançamento de palavras de ordem que visam claramente à desestabilização política do país, ao isolamento das forças de esquerda e à derrocada do governo. Pescando nas águas turvas da confusão política e ideológica provocada pelos meios de comunicação, fomentam a rejeição aos partidos políticos e ao governo, criando um ambiente propício a aventuras golpistas de cariz fascista.
A pressão para transformar as manifestações em protestos de caráter conservador contra o governo e os partidos de esquerda foi de tal ordem que o próprio Movimento do Passe Livre, que até então liderava as manifestações e se reivindica como “autônomo, anticapitalista, horizontal e apartidário”, retirou-se do ato realizado na Avenida Paulista. Militantes do MPL começaram a perceber as características conservadoras presentes em alguns discursos, palavras de ordem e sobretudo na hostilização a outras organizações do movimento social e a partidos políticos de esquerda.
O que poderia ser uma festa cívica e democrática está sendo transformado em crise política e social. Mobilizar o povo em atos organizados para exigir direitos e reformas estruturais no país é algo indispensável e tarefa dos partidos de esquerda e das organizações do movimento social, que corresponde aos interesses e aspirações do povo brasileiro a uma vida digna, à democracia ampla e participativa e ao progresso social.
Deturpar estas aspirações, transformando justos protestos sociais em ações violentas para atirar o país no caos, serve a interesses antinacionais. O povo quer avançar na construção da democracia. Continuará na luta por seus direitos e rejeitará as manobras golpistas da direita.


Para Dieese, país precisa de política de crescimento para atender pauta popular

Na infinitude de cartazes das recentes manifestações, com todo o tipo de reivindicação, chamou a atenção a ausência de pautas tradicionais como inflação e desemprego. No entanto, a condução da política econômica causa preocupação ao diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio. “A grande questão que precisaríamos construir no Brasil é de sustentação do crescimento econômico. Sem isso, não conseguimos sustentar várias dessas pautas (das ruas)”, diz o economista, que participou da reunião das centrais na manhã de hoje (25), na sede da UGT, em São Paulo.
Para ele, os itens econômicos não são “questões prementes” neste momento. “O desemprego não está aparecendo como um problema. A inflação está alta, mas não está maior do que já houve no passado, não está fora do controle. Os protestos mostram fatos mais presentes no cotidiano das pessoas, como o transporte.”
O crescimento necessário passa por mais investimentos produtivos, em áreas como ciência e tecnologia e infraestrutura. Mas Clemente acredita que algumas das medidas adotadas vão no sentido contrário, como a elevação dos juros. "A política monetária em curso vai contra uma estratégia de crescimento. Houve uma pressão descabida da sociedade, criando uma situação cujo remédio é grave para a perspectiva de crescimento."
O efeito colateral desse remédio, diz o técnico do Dieese, é preocupante: corte no orçamento. "Você vai gastar menos com outras coisas", lembra. E a consequência é "reduzir a atividade econômica, que já está baixa". Inflação de demanda não representa um problema para o país, acrescenta o economista: "Não há consumo excessivo".
Clemente acredita que a economia crescerá "com quase certeza" abaixo de 3% este ano. As taxas de desemprego tendem a ficar próximas das do ano passado, "se houver uma sinalização de que o crescimento vai estar em torno de 2,5%". 



FONTE: Rede Brasil Atual, 27 de junho de 2013

terça-feira, 18 de junho de 2013

Aquecimento do mercado de trabalho favorece os jovens no Brasil

A conjuntura econômica brasileira, que beira o pleno emprego, favorece a situação dos jovens, que inserem-se com mais facilidade ao mercado de trabalho. No entanto, apesar dos índices positivos, questões estruturais de qualificação da mão de obra não acompanham essa evolução.

Segundo a pesquisa mensal de emprego do IBGE,que considera população economicamente ativa das seis principais regiões metropolitanas do país ( Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre ), a taxa de desocupação entre os jovens entre 18 e 24 anos no mês de abril ficou em 13,9%, assim como ano passado, no mesmo período. O número é proporcional ao índice geral de desemprego, que está em 5,8%. O cálculo comum é que a estatística entre os jovens seja duas ou três vezes maior que o geral.

Enquanto a Europa enfrenta uma grave crise, o que afeta profundamente os níveis de emprego, o mercado de trabalho brasileiro, por outro lado, está aquecido. Apesar de ser economicamente vantajoso, esse aquecimento pode "contribuir" para a estagnação da qualificação da mão de obra. Isto porque, como a pesquisadora do IBGE, Adriana Beringuy, explica, há varias realidades no Brasil, incluindo jovens que precisam conseguir emprego para aumentar a renda familiar:

"Somando os problemas estruturais no ensino brasileiro, com as desigualdades sociais do país, onde muitos adolescentes são obrigados a assumir um emprego precocemente, muitos jovens ingressam cedo no mercado de trabalho. Essa "escolha" acaba prejudicando uma melhoria na qualificação técnica da pessoa", analisa a pesquisadora, que lembra o aumento da escolaridade no Brasil, o que não se repetiu quanto à qualificação técnica e de ensino superior.

Na mesma linha, a professora de economia da USP de Ribeirão Preto, Natalia Nunes, diz que o aquecimento do mercado é um atrativo a curto prazo para os jovens do país. Com o aumento da oferta e do salário médio, o trabalho é privilegiado em detrimento dos estudos. Utilizando as situações da Espanha e de Portugal, onde cerca de metade dos jovens estão desempregados, como parâmetros, ela explica que ao chegar um momento de crise, os trabalhadores menos experientes são os primeiros afetados:

"Diferentemente de quem vivenciou a década de 90, a juventude de hoje tem a oportunidade de aproveitar o aquecimento da economia para se inserir logo no mercado. Assim, a pessoa muitas vezes consegue seu primeiro emprego sem estar devidamente preparado. Enquanto a Espanha e Portugal viviam períodos estáveis, com bastante oferta de emprego, os jovens privilegiaram o trabalho aos estudos. No momento em que chegou a crise, os funcionários com menos experiência e qualificação foram os primeiros demitidos", alertou Natalia, lembrando que a legislação trabalhista também é punitiva com os jovens, já que, para dispensar um funcionário antigo, o empregador é obrigado a arcar com muitas indenizações.


Fonte: Jornal do Brasil, 18 de junho de 2013

terça-feira, 11 de junho de 2013

PAC é importante na redução do desemprego, diz Fazenda

De acordo com o Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, a “economia brasileira vem apresentando um quadro de acomodação e de declínio da taxa de inflação”. Ele participou da cerimônia de balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), nesta segunda-feira (10), para destacar aspectos positivos do quadro macroeconômico do país, como a taxa de desemprego, que vem caindo ao longo dos anos, segundo afirmou.

A baixa taxa de desemprego, de acordo com o secretário, “é resultado de decisões de investimento e o PAC é importante na obtenção desses resultados”. “Tão ou mais importante quanto a criação líquida de empregos é a sustentação e a qualidade do emprego. Os investimentos são os motores centrais para isso”, afirmou.

De acordo com tabela apresentada por Holland, o Brasil apresentou uma taxa de crescimento média do PIB anual entre 2007 e 2012 de 3,7%, acima da média mundial de 3,3%. O Brasil figura entre os “poucos países do mundo figurando com taxa de crescimento do PIB anual entre 2007 e 2012 acima de 3%”, declarou o secretário.

A mesma tabela mostra que a China apresentou crescimento no mesmo período de 10,2%, a Índia, de 7,6% e a Indonésia, de 6%.

O secretário disse ainda que as desonerações entraram “definitivamente na agenda do governo”. O governo prevê renunciar a R$ 72,1 bilhões em impostos neste ano e mais R$ 91,5 bilhões em 2014. “Serão 76 setores a partir das desonerações da folha de pagamentos no início do ano que vem”, disse Holland.

“A redução e o controle de várias despesas de custeio, pessoal, folhas, encargos, a redução das despesas de juros sobre dívida, vêm fazendo com que tenhamos um espaço fiscal muito grande”.

Holland afirmou que “o Brasil tem uma trajetória de crescimento econômico geral muito forte”. O secretário não comentou sobre o resultado do PIB divulgado no fim do mês passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o instituto, a economia brasileira cresceu 0,6% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com os três meses anteriores, abaixo da previsão do governo.


Fonte: G1, 11 de junho de 2013

2ª Reunião da Mesa de Diálogo com Centrais Sindicais

A segunda reunião da Mesa de Diálogo com as Centrais Sindicais acontece, na manhã desta terça-feira (11), às 10 hs, no Ministério do Trabalho e Emprego em Brasília. A reunião, coordenada pelos ministros do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, e da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, vai discutir o tema da terceirização de mão de obra nas empresas.

Estarão presentes à reunião os dirigentes da Força Sindical , da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da União Geral dos Trabalhadores (UGT), da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras Brasileiros (CTB) e da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST).

São oito os pontos alvo de discussão na Mesa de Diálogo com a as Centrais: terceirização de mão de obra; combate à informalidade do trabalho; redução da rotatividade; regulamentação da Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT); fortalecimento do Sistema Nacional de Emprego (Sine); política de medicamentos, especialmente para aposentados; participação dos trabalhadores nos Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e no Programa Nacional de Educação no Campo (Pronacampo); e regulamentação do trabalho doméstico

Fonte: Blog do Trabalho, 11 de junho de 2013