Augusto César Petta*
Como todos sabemos, aproximam-se as eleições quase gerais em nosso País. Daqui a um pouco mais de dois meses, iremos às urnas para eleger presidente e vice, governadores e vices, senadores, deputados federais e deputados estaduais. Nesse processo, o que está em jogo é a continuidade ou não de um projeto que procura se opor ao neoliberalismo e às influências nefastas do imperialismo.
No dia 21 de julho de 2014, em entrevista à Folha de S.Paulo, o presidente do Equador, Rafael Correa afirma que “não nos enganemos: a integração da América Latina com visão independente, soberana e digna, é uma preocupação para os EUA. E já há uma restauração conservadora, de direita, das elites de sempre do continente para brecar estes processos integracionistas e progressistas no interior de nossos países”.
E mais à frente reafirma: “Os meios de comunicação, que são instrumentos da direita, se aproveitam para dizer que nada vale, que o passado era melhor. Claramente há uma restauração conservadora que pode pôr fim a esse ciclo de governos progressistas. Precisamos estar muito atentos”.
A restauração conservadora a que ele se refere se consubstancia, no Brasil, na candidatura de Aecio Neves do PSDB para presidente. O que prova essa afirmação são os oito anos de FHC, também do PSDB, na Presidência. Foi o período em que o neoliberalismo imperou e atingiu frontalmente os direitos dos trabalhadores, com retrocessos enormes nessa área.
Também é o período em
que crescem as privatizações das estatais, em que o estado se enfraquece, em
que as políticas sociais foram frágeis, não atendendo minimamente as
necessidades dos mais pobres. Ao que tudo indica, com as críticas que faz ao
governo Dilma, pretende, se eleito, alterar a política atual, não no sentido
dos avanços tão necessários, mas sim jogando no retrocesso, sobretudo para
atender os interesses das classes dominantes. Seria a volta da política de
entreguismo do governo FHC.
Pois bem, diante desse quadro difícil que enfrentamos, gostaria de fazer algumas perguntas aos nossos companheiros e companheiras sindicalistas, que tanto lutam pelos interesses dos trabalhadores e trabalhadoras:
1) Nesse momento, sua entidade tem um plano de ação visando a participação ativa nas eleições de outubro? O calendário dessas atividades está pronto?
2) Sua entidade já tem desenvolvido ações concretas, relativamente às eleições, envolvendo a diretoria e a categoria?
3) A entidade (ou os membros que compõem a diretoria) já definiu um posicionamento claro de apoio a candidatos claramente comprometidos com a defesa dos interesses da classe trabalhadora ou , pelo menos de oposição aos candidatos que se identificam com as políticas neoliberais?
4) A entidade já tem uma plataforma com propostas objetivas – pelo menos referente à área específica em que atua ( educação, saúde, transportes, etc), para ser apresentada aos candidatos para que estes se comprometam com a referida plataforma?
5) A entidade está utilizando seus veículos de comunicação para que sejam feitos esclarecimentos sobre a importância das eleições e sobre a necessidade de que os trabalhadores e as trabalhadoras votem em candidatos comprometidos com a luta por melhores condições de vida por um projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho e distribuição de renda?
6) Considerando que o período eleitoral é muito adequado para o debate político, a entidade tem um plano para contribuir na formação sindical e política dos membros da categoria ou ramo de atividade?
7) Enfim, sua entidade está priorizando, nesse momento, as eleições?
Se predominarem, as respostas positivas, penso que sua entidade está sendo classista verdadeiramente, ou seja, está priorizando a luta política e ideológica mais importante da conjuntura atual e que contribuirá, dependendo do resultado das eleições, para a melhoria das condições de vida da sua própria categoria e da classe trabalhadora em geral.
Se ao contrário, predominarem as respostas negativas, está na hora de os diretores da sua entidade arregaçarem as mangas e rapidamente se organizarem visando uma participação ativa, decidida e forte nessa grande batalha política que está em curso.
(*) Professor,
sociólogo, coordenador técnico do Centro de Estudos Sindicais (CES), membro da
Comissão Sindical Nacional do PCdoB, ex- presidente do Sinpro-Campinas e
região, ex-presidente da Contee.
Fonte: Diap
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