Sudeste e
Nordeste tiveram peso muito semelhante na reeleição de Dilma, contrariando
ideia que atribui vitória petista apenas aos nordestinos. Radicais pedem que
São Paulo se separe do país
São Paulo – As redes sociais amanheceram hoje (27)
com algumas novas demonstrações racistas de ressaca eleitoral entre correligionários
do candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves. A intolerância
contra nordestinos – criticados por preferirem Dilma Rousseff no primeiro turno
– foi além do discurso sobre a divisão geopolítica do Brasil e chegou ao
separatismo. Uma ira, porém, que não resiste aos números.
Um dos principais porta-vozes da recente onda
secessionista é o vereador da cidade de São Paulo, Coronel Telhada (PSDB),
ex-comandante da tropa de elite da Polícia Militar, entusiasta da ditadura e
recém-eleito deputado estadual com 254.074 votos. “Que o Brasil engula esse
sapo atravessado. Acho que chegou a hora de São Paulo se separar do resto desse
país”, lamentou, em sua página no Facebook, reproduzindo um cartaz que
convocava paulistas a lutarem durante a Revolução Constitucionalista de 1932
contra o então presidente Getúlio Vargas.
“Já que o Brasil fez sua escolha pelo PT, entendo
que o Sul e Sudeste (exceto Minas Gerais e Rio de Janeiro, que optaram pelo PT)
iniciem o processo de independência de um país que prefere esmola do que o
trabalho, preferem a desordem ao invés da ordem, preferem o voto de cabresto do
que a liberdade”, queixou-se, antes de questionar: “Por que devemos nos
submeter a esse governo escolhido pelo Norte e Nordeste? Eles que paguem o
preço sozinhos.”
A simples conferência das urnas, porém, desmonta o
discurso do coronel tucano. De acordo com números do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), Nordeste e Sudeste tiveram participação muito semelhante na
vitória da candidata petista. A presidenta Dilma Rousseff obteve um total de
54,5 milhões de votos no segundo turno. A região tão atacada por setores da
elite paulista contribuiu com 20,2 milhões de votos – 37% dos sufrágios ao PT.
No Sudeste, 19,9 milhões de pessoas escolheram a presidenta – o que representa
36,5% dos votos em Dilma.
Por sua vez, Aécio Neves teve quase 6 milhões de
votos de vantagem sobre Dilma Rousseff no Sudeste – 25,4 milhões –, mostrando
que a região não apoia com tanta ênfase o tucano em detrimento da petista. O
representante do PSDB, porém, conseguiu apenas 7,9 milhões de votos entre os
nordestinos – pouco mais de um terço da votação obtida pela presidenta na
região. Fica claro, portanto, que o Nordeste prefere amplamente Dilma Rousseff.
Mas não é verdade que essa preferência se reflete com tanta ênfase para Aécio
Neves no Sudeste.
Há certo equilíbrio entre a votação recebida por
Dilma e Aécio no Norte do país. Os estados amazônicos concederam 4,4 milhões de
votos à petista e 3,3 milhões ao tucano. A balança tampouco pende muito para
Aécio no Centro-Oeste, onde obteve 4,3 milhões de votos contra 3,2 milhões de
Dilma. No Sul, a vantagem do tucano é um pouco maior: 9,6 milhões contra 6,8
milhões. Os números do TSE, portanto, permitem dizer que, se há divisão
política, ela abrange todo o país: pende para o PSDB no Sudeste e muito
favoravelmente para o PT, no Nordeste.
FONTE:
RBA (Rede Brasil Atual)
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