quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Oxente. União de desiguais? Aonde!



Cláudio Mota *

Nada como uma eleição acirrada para as pessoas revelarem o que, realmente, pensam do seu País e dos "seus irmãos", todos convivendo num mesmo espaço territorial marcado pela diversidade cultural, mas também pelas desigualdades regionais e sociais.
No espaço do Facebook podemos observar extratos do pensamento da nossa sociedade. Vimos, por exemplo, como artistas e esportistas que tanto gostamos revelaram-se pessoas preconceituosas, especialmente contra os nordestinos. Além deles, sentimos o mesmo de pessoas que moram no Sul e no Sudeste do Brasil.
Uma coisa que se falou muito após o resultado das eleições foi que o Brasil saiu divido com a vitória de Dilma. Se fosse Aécio, seria uma vitória suada em uma disputa dramática, mas salutar para a democracia. Disse-se ainda que o grande desafio seria buscar a união do País. É claro que unir diferenças ajudará muito a evolução da própria sociedade. Mas, só se essa diversidade cultural for respeitada e aproveitada por todos na perspectiva de um mundo melhor. Além disso, as desigualdades regionais e sociais precisam ser eliminadas.
O problema é que a união que defendem se daria com a manutenção dessas desigualdades. Certamente, ricos querem um país unido com pessoas pobres que aceitam trabalhar em suas casas ou em suas fazendas sem carteira assinada e com menos de um salário mínimo. Hoje, as pessoas barganham melhor a valorização de sua mão de obra. Podem comprar muitas coisas e fazer tantas outras que antes não podiam. Isso tem irritado muitas dessas pessoas que destilaram seu ódio contra os nordestinos nas redes sociais.
Por séculos, quem governou o Brasil concentrou polos de desenvolvimento industrial nas regiões Sul e Sudeste, sem se preocupar com as outras partes do País. Isso, sim, dividiu a nação entre alguns que se acham superiores e outros, que nunca se acharam menores, mas foram sempre rotulados de inferiores.
Essa união baseada na manutenção das desigualdades, proposta pelas elites através dos grandes meios de comunicação, é falsa e hipócrita. União consistente e sincera é a realizada com pessoas no mesmo patamar econômico, em pé de igualdade. Assim, a diversidade sociocultural se torna o grande patrimônio de uma nova e melhor nação.
Um governo novo, que propõe ideias novas, deve radicalizar políticas de investimentos nas regiões que ainda precisam. Caso contrário, união nacional num país de preconceituosos e desiguais? Aonde

* Cláudio Mota e jornalista

FONTE: http://axecomdende.blogspot.com.br

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