Cláudio Mota *
Depois do susto, reflexo da disputa acirrada, a presidenta Dilma e todos os que apoiam esse projeto em curso comemoraram a vitória. Ao observar o endurecimento da batalha e a voz da sociedade, a campanha da petista lançou o conceito “Governo novo, ideias novas”, combinado com propostas que vão ao encontro dos anseios de mudanças que a população deseja, simbolizadas nos temas reforma política e combate à corrupção.
O
desafio será grande no segundo mandato da presidente Dilma. PT e aliados (PMDB,
PCdoB, PDT, PR, PRB, PROS, PP e PSD) conquistaram 304 cadeiras contra 209 da
oposição na Câmara dos Deputados, e 53 lugares no Senado, ante 28 dos
oposicionistas. Além disso, 19 dos 27 governadores são da base aliada. Em
termos de números, maioria assegurada.
Mas,
duas questões importantes. Primeiro, maioria nem sempre resulta em
governabilidade. Muito menos, tranquila. Quem acompanha a relação entre
Executivo e Congresso observa que, em muitos momentos, para garantir a
governabilidade, faz-se concessões absurdas com o objetivo de ter o apoio dos
parlamentares em votações importantes para o governo. Segundo, as primeiras
análises mostram um perfil mais conservador do Congresso Nacional. Isso exigirá
que Dilma e a linha de frente de deputados próximo a ela tenham firmeza e
capacidade para garantir a unidade dos aliados nos momentos cruciais.
MOBILIZAR
E POLARIZAR A SOCIEDADE
Conduzir
o processo para fazer reforma política, implantar medidas duras de combate à
corrupção e avançar em questões como a democratização dos meios de comunicação,
por exemplo, exigirá muito nessa nova etapa para Dilma materializar as ideias
novas que apontam um novo ciclo de desenvolvimento do País.
Entendo
que um governo quando está em dificuldades para transformar maioria em
governabilidade, sem concessões lamentáveis, e aprovar as medidas avançadas, é
preciso construir essa maioria também na sociedade. Por isso, Dilma deve
fortalecer mecanismos de participação social nessa nova empreitada (como o
plebiscito e as conferências) e valorizar os movimentos sociais organizados, como
sindicatos, entidades de mulheres, de jovens, evangélicos progressistas, da
luta antirracista, da luta ambiental, entre outros.
Não
dá para assistir a sociedade ficar polarizada apenas no período das eleições.
Quem está no comando dá o tom, aponta o caminho, dita o ritmo e conclama os
coletivos sociais a ajudarem na construção do novo governo e das ideias novas.
Um governo que surgiu das lutas populares precisa mobilizar e polarizar a
população em torno das bandeiras que vão garantir os avanços que a sociedade
tanto deseja e precisa.
* Cláudio Mota é jornalista
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