segunda-feira, 14 de maio de 2012

"Cuba livre" a voz de um povo lutador

Brasília, 13 de maio de 2012
Por Miraldo Vieira

          O 1º de maio em Cuba me fez renovar as esperanças por um mundo mais justo, fraterno e igualitário. O povo cubano foi às ruas empunhando suas bandeiras em defesa do socialismo e contra a opressão norte-americana. Os cartazes pediam liberdade para Cuba e muitos diziam “Socialismo ou morte”.
É impressionante como a mídia espalha pelo mundo afora, que na Ilha tem um ditador e que os cubanos vivem em situação de miséria e fora da realidade do mundo.
   Pois é justamente o contrário. Em Cuba não existe opressão, os adultos e as crianças podem caminhar e jogar bola a qualquer hora do dia ou da noite, como pude constatar nos dez dias que passei não só em Havana, mas também na província de Pinar Del Rio, e em outro extremo da Ilha, na província chamada Matanza. Ao contrário de muitos países do mundo, Cuba não existe violência contra a mulher, como também não existe, mortalidade infantil e ainda:
·      Não há crianças nas sinaleiras ou em colo de adulto mendigando e nem fora da escola. O que vimos foi uma escola prazerosa, ensinando valores humanos. As quintas-feiras, as crianças, antes de iniciar as aulas, apreendem o hino nacional cubano e as segundas e sextas-feiras têm duas horas matinais de educação física;
·      As pessoas andam livremente e sem nenhum medo por toda a cidade e ao cair da tarde os casais se encontram no Malecon (avenida principal da orla marítima de Havana);
·      A hospitalidade dos cubanos é algo impressionante, estão sempre alegres e orgulhosos dos seus ídolos. Os mais lembrados são: o comandante Che Guevara, o comandante Fidel Castro e José Martí. Nenhum estrangeiro sai da Ilha sem ouvir o povo reverenciar estes que são o orgulho dos cubanos;
    Ouvi de um cubano aposentado e ainda defendendo o socialismo, a seguinte frase: “aqui, se uma pessoa precisa de um marca-passo não se pergunta se ela é a favor ou contra a revolução, aqui todos somos iguais independentemente de sua cor, crença ou opção política”. Isso me fez lembrar os dias em que meu tio ficou no corredor de um hospital público em Salvador e quando estava se preparando para ir a um apartamento, chegou um amigo de um diretor do hospital e meu tio perdeu a vaga.
    A Praça da Revolução, no centro de Havana, ficou pequena para a quantidade de pessoas que foram festejar o 1º de maio, foram milhares de pessoas no mesmo espaço sem nenhum registro de qualquer tipo de violência. Os cartazes e os bonecos, por sinal, muitos criativos e feitos à mão, quebravam um mito de que os cubanos eram obrigados a participar das comemorações. O presidente de Cuba, general Raul Castro, esteve no evento e apenas acenou para a multidão, sendo ovacionado por milhares de trabalhadores, mães e crianças que ali estavam.

A palavra de ordem no 1º de maio de 2012 em Cuba
      Os organizadores do evento escolheram como tema do 1º de maio, “Unidad y Firmeza”, mas o povo cubano, de forma espontânea e criativa, segurava seus cartazes com frases diversas, as que me chamaram mais a atenção foram às seguintes frases:
·      Viva o 1º de maio – “Viva el 1ro de mayo”;
·      Liberdade para nossos 5 heróis - “liberdad para los nuestros cinco héroes”;
·      Viva a Revolução, viva o Socialismo - Viva la Revolución, viva el Socialismo”
·      Trabalhadores por conta própria presentes - “Trabajadores por cuenta propia presentes”;
·      Dignidade ao Trabalho - “Diginidad al Trabajo”;
·      Preservar e aperfeiçoar o Socialismo - “Preservar y perfeccionar el Socialismo”.
        O desfile teve inicio às 8:50h e durou uma hora e dez minutos, mas a multidão começou a chegar as 06:00h da manhã, e a delegação estrangeira, bem como a imprensa, chegaram as 05:00h da manhã, todos queriam ficar o mais próximo possível do desfile para não perder absolutamente nada. Lágrimas rolaram em meu rosto, quando o Secretário Geral da CTC – Central de Trabalhadores de Cuba, Salvador Valdés Mesa, ao terminar seu discurso disse: “Iniciamos nosso desfile, unidos e combativos. Pelo país, por Fidel e Raul, pelo partido, e para preservar a aperfeiçoar a revolução e o socialismo, para aumentar o bem-estar e desenvolvimento do nosso povo. Pela paz e o futuro da humanidade. Vão em frente, compatriotas”.Neste momento os trabalhadores começaram a desfilar, e minha categoria (construção civil) foi a segunda no desfile. A emoção tomou conta de todos nós, principalmente de mim, que pela primeira vez participei do evento e não pretendo perder mais nenhum. Participaram do evento 1.900 representantes de organizações sindicais e movimentos sociais de 117 países.
   Parabéns aos dirigentes Cubanos, as organizações sindicais, a CTC e ao povo cubano pela brilhante aula de civilidade, de amor a pátria e de luta contra o imperialismo norte-americano. Nossos agradecimentos especiais aos camaradas dirigentes sindicais cubanos: Ramon Cardona da CTC, Carlos Oquendo, Misael e Raul, todos dirigentes do ramo da construção civil.

* Miraldo Vieira, é Secretário Geral da CONTRICOM - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Construção e do Mobiliário

quarta-feira, 9 de maio de 2012

É hora de valorizar o Ministério do Trabalho

Wagner Gomes - Presidente da CTB
Depois de cinco meses sob um comando interino, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) finalmente tem um novo ministro. O deputado federal do PDT Brizola Neto foi empossado quinta-feira (3) pela presidente Dilma. O parlamentar conta com o respaldo das centrais sindicais e tem pela frente o desafio de revalorizar a pasta, que ultimamente amarga um progressivo esvaziamento.
São muitas as provas e sinais de perda de prestígio e poder do ministério criado em 1930 por meio de decreto (19.433) assinado pelo então presidente Getúlio Vargas. Atribuições da pasta foram repassadas a outros ministérios, como é o caso do programa de qualificação profissional (Pronatec), transferido ao Ministério da Educação. Os planos setoriais de qualificação profissional não têm recebido recursos do Orçamento desde o segundo semestre do ano passado.
Como se isto não bastasse, o Programa Nacional de Microcrédito, coordenado pelo MTE, sequer é consultado sobre as medidas provisórias que versam sobre o tema. O ministério também ficou de fora do comitê gestor do Plano Brasil Maior e foi excluído inclusive da comissão que estuda a desoneração da folha de pagamentos, assim como dos debates sobre desindustrialização.
Outra evidência do desprezo a que a pasta é relegada pelo governo é o abandono do Conselho Nacional de Relações de Trabalho, criado em agosto de 2010 para a solução de conflitos e formação de consensos relacionados às negociações trabalhistas, emissão de carta sindical e democratização das eleições sindicais.
A Fundacentro, entidade de pesquisa científica e tecnológica com foco na saúde dos trabalhadores, também vive ao deus-dará. O ministério anda à míngua. É notória a escassez de técnicos e fiscais para monitorar as condições de trabalho, o respeito aos preceitos sociais da Constituição e da CLT, a proliferação dos abusos patronais e a vergonha do trabalho escravo em pleno século 21.
Esta situação, que no fundo reflete uma visão neoliberal e patronal sobre as relações de trabalho, é inaceitável para a classe trabalhadora e seus representantes no mundo sindical e político. A agenda para um novo projeto de desenvolvimento nacional pleiteado pela Conclat – fundado na valorização do trabalho, na democracia e na soberania – passa pelo fortalecimento e valorização do MTE.
A CTB confia que o ministro Brizola Neto não medirá esforços para reverter este quadro de depreciação da pasta que hoje dirige. É hora de revitalizar e valorizar o Ministério do Trabalho e, através dele, a classe trabalhadora que produz a riqueza nacional e constitui a esmagadora maioria da nossa sociedade.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Diap lança o livro "Movimento Sindical: passado, presente e futuro"

" Companheiros(as) recomendo a leitura ddeste livro para compreendermos melhor a história do moviemnto sindical no Brasil, quem sabe não voltemos aos tempos de grandes lutas" - Miraldo Vieira".

O propósito deste livro é apresentar, de forma resumida, um pouco da história do movimento sindical no Brasil. O texto aborda desde o surgimento das entidades sindicais no País até a posse da presidente Dilma Rousseff em 2011, passando pelas diversas fases de avanços e retrocessos, com detalhamento das experiências recentes, especialmente no período de redemocratização, que são muito ricas em tentativas de mudança na estrutura sindical e nas relações de trabalho no País.
Para facilitar a leitura e a compreensão, o texto foi dividido em três momentos - passado, presente e futuro - os momentos, em ciclos, e estes em períodos e fases.
Assim, entenda-se por passado o ciclo que vai desde o surgimento das organizações de trabalhadores no País, 1889, passa pelo fim a ditadura militar, em 1985, e pela redemocratização no governo Sarney até os dois governos FHC.
Por presente, o ciclo que corresponde à quebra do consenso neoliberal, compreendido entre a posse de Lula e o primeiro ano de mandato da presidente Dilma Rousseff.
E por futuro, o período que se inicia em 2012, com as mudanças que advirão do enfrentamento da crise financeira internacional.
Adquira o exemplar

Para adquiri-lo(s) basta fazer o depósito em nome do DIAP, na agência do Banco do Brasil 0452-9, na C/C 401.918-0, e enviar o comprovante com o endereço de correspondência para o fax: (61) 3225-9150.
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A remessa do material é cobrada separadamente. O envio da unidade custará R$ 6, o depósito deverá ser feito juntamente com o valor da publicação.

Fonte: Diap, 19 de abril de 2012

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Nosso discurso na reunião da FLEMACON no Chipre

DISCURSO DE MIRALDO VIEIRA DA SILVA, Secretário Geral da CONTRICOM – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Construção e do Mobiliário do Brasil, Secretário de Política Sindical da FETRACOM/BA – Federação dos Trabalhadores na Indústria da Construção e da Madeira no Estado da Bahia, proferido no dia 15/03/2012 na Cidade de Larnaca – Chipre.

Boa tarde companheiros e companheiras:

Saúdo os companheiros Mikales e Antonio Lopes e em seus nomes saúdo todos os companheiros, saudar a camarada Lúcia Maia e em seu nome saudar todas as companheiras presentes nesta reunião.
Em meu nome e em nome dos companheiros Raimundo Brito, Ednalva Bispo, Pedro Mesquita, Lucia Maia e Antonio Lopes, transmito um forte abraço dos trabalhadores da Construção e do Mobiliário do Brasil a todos os sindicalistas presentes a esta reunião.

Companheiros. Há muito tempo estamos tentando no Brasil discutir um Contrato Coletivo Nacional na indústria da Construção Civil e os patrões vêem sempre resistindo a discutir essa proposta. Até que no ano passado surgiram vários movimentos dos trabalhadores que mereceu da parte do Governo Federal do Brasil uma atenção maior, de forma que foi criada a Comissão Tripartite da Construção para elaborar um compromisso capaz de resolver os diversos problemas que surgem nos canteiros de obras. Essa comissão passou 10 meses de intenso debate e terminou construindo uma proposta mínima que chamamos de Compromisso Nacional da Indústria da Construção, que foi assinado no dia 1º de março deste ano, pela presidente da República Federativa do Brasil, Sra. Dilma Vana Rousseff, os empresários, as centrais sindicais e as confederações do ramo da Construção. Queremos destacar três conquistas histórias dos trabalhadores:

1.       Representação por local de trabalho, que será instalada nas obras que tiver a partir de 200 empregados, sendo garantido 01 representante e mais 01 a cada 500 trabalhadores contratados, limitado ao número de 07 representantes, que poderá ser eleitos ou indicados pelo sindicato, para atuar no local de trabalho e ser o interlocutor entre os trabalhadores e sua entidade sindical e vice-versa;
2.       O fim da contratação por terceiros, os chamados no Brasil de “gatos” que são intermediadores de mão de obras que prometem altos salários aos trabalhadores de diversas regiões, mas quando chega ao local da obra não é o que prometeram. Com a proposta as contratações terão que serem feitas através de um programa governamental chamado SINE – Sistema Nacional de Emprego, onde serão colocados na internet todas as vagas disponíveis de emprego e os trabalhadores de qualquer lugar do país poderá se inscrever e concorrer àquela vaga, acabando de vez com os atravessadores; e
3.       A criação e instalação da Mesa Nacional da Construção que também é tripartite e possibilitará discutir e solucionar possíveis problemas, além de acompanhar o cumprimento do Compromisso Nacional.
O Compromisso trouxe conquistas que historicamente lutamos no Brasil, como por exemplo, a Organização por Local de Trabalho, a partir deste compromisso, haverá

A CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, a CONTRICOM – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Construção e do Mobiliário, a FETRACOM/BA – Federação dos Trabalhadores na Indústria da Construção e da Madeira no Estado da Bahia, o Sindicato dos Marceneiros de São Paulo e a FLEMACON – Federação Latinoamericana da Construção, Madeira e Materiais de Construção, manifestaram a todo o momento total preocupação nos debates e acordos para que o compromisso não tirasse a autonomia dos sindicatos de negociar e também para que o Compromisso Nacional se transformasse em um instrumento importante de auxilio na elaboração das pautas de reivindicações salariais.

Consideramos que o Compromisso Nacional da Indústria da Construção é um avanço significativo para os trabalhadores e um importante passo para a construção do Contrato Coletivo Nacional. A construção deste compromisso teve a participação de todas as Centrais Sindicais do Brasil. Portanto, achamos importante trazer esta informação para a Executiva da UITBB.

Prezados companheiros
Quero aproveitar esta oportunidade, para convidá-los a participar do IX Congresso Estadual da FETRACOM/BA, que se realizará nos dias 30 e 31 de maio de 2012 em Salvador - Bahia - Brasil. Nossa entidade compromete-se a arcará com as despesas de hospedagem e alimentação da delegação estrangeira, desde que a presença seja confirmada até 30 de abril de 2012 através do correio eletrônico: fetracom.ba@bol.com.br
A FETRACOM/BA representa 300 mil trabalhadores e trabalhadoras em nosso Estado e nosso congresso deve contar com a presença de cerca de 150 dirigentes, trabalhadores e trabalhadoras da base.

Finalizo, agradecendo o convite e a oportunidade de poder me manifestar nesta reunião e ao mesmo tempo desejo que ao final possam aprovar um plano de lutas em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras dos ramos representados pela UITBB.

Muito obrigado.

Certificação Digital e as entidades sindicais

As entidades sindicais, sindicatos, federações e confederações poderão – se desejar – acessar o CNES (Cadastro Nacional de Entidades Sindicais) com o uso da certificação digital. Existem atualmente mais de 14 mil entidades registradas neste cadastro, sendo 9.892 entidades de trabalhadores e mais de 4 mil dos empregadores.

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) fez uma atualização no CNES. O sistema, agora batizado de CNES Novo – Certificação Digital é mais seguro e permite o acesso a um volume maior de informações das entidades com cadastro ativo. Através do sistema de certificação digital, os sindicatos podem fazer solicitações tais como Pedido de Registro (SC) atualização sindical (SR) e atualização de dados perene (SD) diretamente na pagina do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) utilizando certificação digital, dando segurança e desobrigando as entidades da entrega de documentos impressos.

As entidades sindicais que não possuem a certificação digital, para acessar e atualizar as informações correm uma verdadeira maratona. Primeiro tem de imprimir todas as informações existentes no cadastro protocolar na Superintendência Regional do Trabalho e ficar aguardando a validação. Mas não é só isso: O sistema é falho – qualquer pessoa pode acessar as informações do sindicato e fazer uma (SD), por exemplo, alterando as informações do cadastro e bloqueando um cadastro correto por 60 dias.

A Certificação Digital Tecnologia de Identificação é um mecanismo que evita fraude ou adulterações das informações, interceptações ou qualquer tipos de fraudes. É capaz de garantir: autenticidade, confidencialidade e integridade; as informações emitidas nas transações eletrônicas não serão lidas por terceiros, nem alteradas no caminho que percorrem, os documentos emitidos são originais alem de garantir que somente o titular do certificado digital poderia ter realizado determinada operação. É prático rápido seguro e sem burocracia.

O procedimento para obtenção do certificado digital é simples. A entidade sindical acessa a página do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) na internet (www.iti.gov.br) e escolhe uma Autoridade Certificadora (AC). Em seguida deve comparecer à sede da AC indicada com os documentos (estatuto social da entidade em vigor e devidamente registrado, prova de inscrição no CNPJ, documentos dos representantes legais, comprovante de endereço e foto 3×4) do responsável legal do sindicato para concluir a emissão do certificado digital.

Porém se o sindicato já possui o certificado digital para realizar operações na rede bancaria, como para deposito de FGTS, ou para fazer homologação, essa certificação também serve para elaborar solicitação no CNES. No caso de adesão, qualquer solicitação futura só poderá ser feita na internet por meio da certificação digital.

Como secretário-geral da CTB, tenho acompanhado as informações das entidades sindicais filiadas à CTB, seja para fazer aferição da representatividade, seja para atualização do cadastro das entidades sindicais, como já citei: SR, SD ou SC. O sistema atual além de burocrático é frágil, os dados dos sindicatos, federação ou de confederação podem ser alterados, Neste sentido é muito importante que as entidades sindicais filiadas a CTB façam a sua adesão ao sistema de certificação digital. É sempre bom lembrar que a maioria das entidades já tem a certificação, e na maioria entidades a certificação está com o contador ou na responsabilidade da Tesouraria, mas essa certificação não esta sendo utilizada no CNES. A sua utilização pode dar mais segurança às informações das entidades sindicais.



Pascoal Carneiro é secretário-geral da CTB nacional.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Brasil teve quase mil greves entre 2009 e 2010, segundo o Dieese

Nos anos 2009 e 2010 ocorreram 964 greves no país, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Foram 518 greves em 2009 e 446 em 2010. Os números são os maiores da última década, superando o total de greves ocorrido em 2008 (411 greves). Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (16).
O Dieese utilizou a base de dados do Sistema de Acompanhamento de Greves, desenvolvido e mantido pelo próprio departamento e que reúne informações das greves desde 1978. O sistema é abastecido com notícias sobre greves veiculadas em jornais impressos e eletrônicos e da imprensa sindical.

Segundo o Dieese, o número de greves de trabalhadores em 2009 foi maior na esfera privada (266) do que na pública (251). Em 2010, o número de greve em empresas privadas (176) foi menor do que no funcionalismo público e nas estatais (269). Houve uma greve que envolveu os dois segmentos em ambos os anos.

Em 2009, o total de horas paradas chegou a 34.730, a maior parte delas na esfera pública (25.316 horas). Já em 2010, o total de horas paradas alcançou 44.910 horas, dos quais 38.085 horas no setor público. O Dieese disse que essa discrepância entre os setores público e privado se deve à ausência de regulamentação da negociação coletiva de trabalho no setor público e também ao fato de que, na esfera pública, as negociações são geralmente mais complexas, já que envolvem vários órgãos e instâncias de poder.

Segundo o estudo, o número total de greves ocorrido em 2009 pode estar na crise econômica mundial, que afetou principalmente a indústria. “O ambiente econômico adverso e marcado por grande incerteza ensejou greves de caráter mais defensivo contra demissões em massa e tentativas de flexibilização – ou descumprimento - de direitos e condições de trabalho”, diz o estudo. Em 2010, a recuperação da economia repercutiu na redução do número de greves, principalmente na indústria.

Direito assegurado

Para o presidente da CTB, Wagner Gomes, os números mostram que os trabalhadores brasileiros estão cada vez mais organizados, fazendo valer um direito que lhes é assegurado pela Constituição. “A greve é um caminho legítimo para diversos tipos de negociação. Depois de um período de retração, especialmente nos anos 90, a classe trabalhadora assume a cada ano um maior protagonismo”, afirma.

Apesar desse avanço, o dirigente critica a postura de parte do Judiciário, que por meio de decisões controversas têm procurado coibir os movimentos legítimos de diversas categorias pelo país afora. “Isso afeta especialmente o funcionalismo público. É por isso que a CTB apoia a regulamentação da Convenção 151 da OIT, que deixa claro o direito dos servidores em paralisar suas atividades quando se esgotam os outros canais de negociação”, sustentou Wagner Gomes.
Portal CTB, com informações do Dieese e da Agência Brasil

terça-feira, 10 de abril de 2012

A Lei Antibaixaria e a Censura

Foi aprovado no dia 27/03/2012 pela Assembléia Legislativa da Bahia, o Projeto de Lei da Deputada Luiza Maia, conhecido como Lei Antibaixaria que proíbe o gestor estadual de contratar ou fazer convênios com bandas/músicos para eventos em que sejam executadas músicas que desvalorizem, incentivem a violência ou exponham as mulheres e homossexuais ao constrangimento, ou ainda incentivem o uso de drogas ilícitas.

Agora o Projeto segue para o Governador Jacques Wagner que provavelmente irá sancioná-lo, deixando para o Poder Judiciário o papel de corrigir o grave equívoco com a sua aprovação. Explico. Este Projeto de Lei é visivelmente inconstitucional, na medida em que resgata a famigerada censura que grassava na época da Ditadura Militar e havia sido extirpada da nossa sociedade pela Constituição Cidadã de 1988. Isso porque ao definir que fica proibida a contratação de artistas que tocam músicas que desrespeitam as mulheres, haverá que ser decidido quais serão estas músicas e quem será o censor que irá decidir quais letras são ou não atentatórias à dignidade da mulher?

Lembro com esta situação do período do Regime Militar em que um milico, nomeado como censor, recebia as letras das canções e decidia quais eram as que atentavam contra os “bons costumes”. Nesta quadra, canções como a bela “Fado Tropical” de Chico Buarque (dentre tantas outras dele, como Cálice, Construção, Apesar de Você, etc), Prá não Dizer que não Falei das Flores de Geraldo Vandré, Deus e o Diabo de Caetano Veloso, Geleia Geral de Gilberto Gil, apenas para citar algumas, foram ceifadas dos nossos ouvidos e corações por conta da estúpida censura. Só de pensar no retorno destes tempos me dá calafrios, vai de retro satanás...

Lamento que tal proposta tenha surgido da deputada que é uma das mais qualificadas da atual legislatura da assembleia baiana e que foi, inclusive, perseguida e vítima da Ditadura Militar, tendo sentido de perto a crueldade daquele regime de exceção.

O fato de deputadas como Luiza Maia, ser autora de uma proposta que resvala perigosamente para restauração da censura na sociedade, apenas encerra algumas conclusões, quais sejam: os políticos, com raríssimas exceções, para aparecerem na mídia, fazem qualquer coisa; a qualidade dos atuais políticos, também com raríssimas exceções, está abaixo do desejável; e o Poder Judiciário vem galgando cada mais importância na sociedade, estimulado pela judicialização do debate político e pela consolidação do ativismo judicial.

Por que menciono o Judiciário? Porque virou lugar comum os políticos transferirem para aquele Poder, a tomada de decisões que reponham os pontos nos is, ou seja, a tomada de decisões que anulem ou redirecionem decisões equivocadas do Legislativo e até mesmo do Executivo. Vide, apenas a título de exemplos, a decisão do STF sobre a questão da fidelidade partidária, da Lei da Ficha Limpa e até da Marcha da Maconha. A propósito, ainda recentemente, José Sarney, presidente do Senado, declarou que faria consulta ao Supremo Tribunal Federal acerca do procedimento de tramitação das Medias Provisórias.

No caso da Lei Antibaixaria, porque como dito, o Governador Jacques Wagner não vai correr o risco de não sancioná-la e ter ameaçada a sua imagem, ficará, por certo, para o STF a decisão a respeito da questão e certamente a Suprema Corte irá dizer em alto e bom som que a Constituição Federal não permite qualquer tipo de censura, de modo que caso exista uma música que atente contra a dignidade da mulher, caberá à própria sociedade censurá-la, não adquirido os CDs com a música e não indo para os shows do músico, sem excluir a possibilidade de o autor pagar indenização pela sua conduta.

Miguel Cerqueira, advogado. Salvador, Bahia, 28/03/2012.