segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Decretado novo Salário Mínimo para 2012


DECRETO No 7.655, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2011 Regulamenta a Lei no 12.382, de 25 de fevereiro de 2011, que dispõe sobre o valor do salário mínimo e a sua política de valorização de longo prazo.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art.  3º da Lei  no 12.382, de  25 de fevereiro de 2011, D E C R E T A:

Art. 1º A partir de 1º de janeiro de 2012, o salário mínimo será de R$ 622,00 (seiscentos e vinte e dois reais).
Parágrafo único. Em virtude do disposto no caput, o valor diário do salário mínimo corresponderá a R$ 20,73 (vinte reais e setenta e três centavos) e o valor horário, a R$ 2,83 (dois reais e oitenta e três centavos).
Art. 2o Este Decreto entra em vigor no dia 1o de janeiro de 2012.

Brasília, 23 de dezembro de 2011; 190º da Independência e 123º da República.


DILMA ROUSSEFF
Guido Mantega
Paulo Roberto dos Santos Pinto
Miriam Belchior
Garibaldi Alves Filho

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Deputados criticam nova investida de Mabel contra trabalhadores

A Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados aprovou, na semana passada, uma proposta que permite à Justiça do Trabalho homologar acordos extrajudiciais. A medida é mais uma iniciativa do deputado-empresário Sandro Mabel (PMBDB-GO), que modifica a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT, e recebeu críticas dos deputados que representam os trabalhadores na Câmara dos Deputados.

Os deputados do PCdoB, Alice Portugal (BA) e Assis Melo (RS, juntamente com os petistas Vicentinho (SP) e Policarpo (DF) e mais os deputados Mauro Nazif (PSB-RO), Roberto Santiago (PSD-SP) e André Figueiredo (PDT-CE) foram contrários à proposta. Assis Melo afirmou que as empresas terão muito mais condições de garantir seus direitos do que os trabalhadores, e essa proposta pode chegar a reduzir algumas garantias.
Para o deputado do PCdoB, a legislação trabalhista procura corrigir essa desigualdade, por meio de dispositivos de proteção aos empregados. “O projeto em análise, ao desconsiderar esses princípios, pratica uma verdadeira chantagem contra o trabalhador, que se vê na posição de ou aceitar o acordo imposto pela empresa ou demandar em juízo durante anos até que venha a ter os seus direitos reconhecidos e pagos”, alertou.
O projeto ainda deve ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. O texto tramita de forma conclusiva, ou seja, a matéria não precisa ser votada em plenário.

Caráter protetivo
Na proposta, o deputado Sandro Mabel alega que a proposição foi apresentada na legislatura passada pelo ex-deputado tucano, Ruy Pauletti (RS), que não retornou a essa legislatura. E propõe que as controvérsias entre patrão e empregado sejam homologadas pela justiça do trabalho sem necessidade de ação judicial, por meio de acordo entre as partes.
Para Assis Melo, que apresentou voto em separado, “as partes das relações de trabalho no Brasil, trabalhadores e empregadores, ainda não estão em condição de igualdade a ponto de firmar um ajuste mediante concessões recíprocas para prevenir ou terminar litígio decorrente da relação de trabalho”.
Ele explica que “as regras que regulam as relações de trabalho têm caráter protetivo ao empregado, por ser este a parte hipossuficiente, ao contrário do que acontece no Direito Civil, que, a princípio, parte do pressuposto da igualdade entre as partes. Desse modo, a legislação trabalhista preocupou-se bastante em estabelecer maior proteção à parte hipossuficiente, o trabalhador”.
E diz ainda que “a legislação trabalhista já permite a realização de acordos extrajudiciais. Vários mecanismos de proteção ao trabalhador foram adotados ao se instituir as Comissões de Conciliação Prévia. O principal é a participação do sindicato profissional, uma vez que as Comissões devem ser previstas em instrumento coletivo”.
Para os deputados contrários ao projeto, “a necessária homologação de acordos trabalhistas extrajudiciais, nos termos propostos, apenas burocratiza o processo do trabalho, assoberbando a Justiça especializada, conferindo-lhe função meramente cartorial”.

De Brasília
Márcia Xavier

Fonte: Vermelho, 22 de dezembro de 2011

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Construção civil emprega recorde de 3,1 milhões de trabalhadores

A construção civil no País empregou 3,1 milhões de trabalhadores com carteira assinada em outubro, sendo que 16 mil empregados foram contratados neste mês, segundo informações divulgadas nesta quinta-feira pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP). As contratações representam um aumento de 0,51% em relação a setembro.
O número de postos de trabalho criados no setor entre janeiro e outubro foi de 314,6 mil (elevação de 11,12% em relação ao período anterior).
Dos 3,1 milhões de trabalhadores formalizados, 1,6 milhões estão no Sudeste; 661 mil no Nordeste; 438 mil no Sul; 248 mil no Centro-Oeste e 193 mil no Norte.
Segundo o sindicato, em outubro, o emprego na construção cresceu em relação a setembro em todas as regiões: Norte (+1,66%), Nordeste (+0,66%), Sudeste (+0,35%), Sul (+0,62%) e Centro-Oeste (+0,14%).
No Estado de São Paulo, em outubro, a construção criou mais 2,9 mil postos de trabalho, elevando o contingente empregado a 809 mil trabalhadores com carteira assinada, um recorde de acordo com a entidade. Em 2011, foram contratados mais 62.003 (+8,29%) e nos últimos 12 meses mais 50.477 (+6,65%) no Estado.

Fonte: Estadão, 9 de dezembro de 2011

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Procuradoria pede banimento do amianto

"...Sob qualquer ângulo que se examine a questão, a Lei 9.055/95 (que permite o uso de amianto crisotila) viola a devida proteção do direito à saúde e ao meio ambiente" , diz o parecer assinado pelo procurador geral da República, Roberto Gurgel Santos, favorável ao banimento total do amianto no Brasil. O entendimento do Ministério Público Federal veio em resposta à ação direta de inconstitucionalidade impetrada em abril de 2008 pelas associações nacionais de procuradores do Trabalho e dos magistrados da Justiça do Trabalho contra a Lei 9.055/95, que permite o uso controlado do amianto crisotila no país, o único tipo desta fibra que não está proibida no Brasil.
Para o presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Sebastião Caixeta, o parecer da Procuradoria Geral é "um passo importante" na direção ao banimento do amianto no Brasil:
— Isso significa que o Ministério Público aceitou nossa argumentação de que não existe nível seguro do uso da fibra para a saúde. Já há substitutos possíveis para o amianto. Isso fortalece nossos argumentos.
Caixeta espera que o julgamento do mérito da ação aconteça no primeiro semestre de 2012. Com o parecer, o relator, o ministro Ayres Britto, já tem condições de redigir seu voto, que irá para apreciação no plenário.
O parecer é contundente ao defender o fim do uso do amianto: "Como já demonstrado, há uma infinidade de documentos produzidos por órgãos nacionais e internacionais, de caráter público, no sentido de que o amianto, em todas as suas formas, inclusive a crisotila, provoca câncer e outras doenças, todas progressivas e que levam à morte. Eles ainda são incisivos quanto a não haver índice de exposição segura ao amianto".
Segundo o parecer da vice-procuradora geral da República, Deborah Macedo Duprat de Britto Pereira, aprovado pelo procurador Roberto Gurgel, "permitir as várias modalidades de uso da crisotila é consentir com danos já antecipados, o que está na contramão da disciplina constitucional dos princípios da precaução e da prevenção em saúde e meio ambiente".
O Instituto Brasileiro do Crisotila (IBC), que representa as entidades e empresas que defendem o uso do amianto no país, preferiu não se pronunciar sobre o parecer. Em nota, afirmou que a questão "segue no âmbito do Judiciário".

Fonte: O Globo, 9 de dezembro de 2011

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

CTB: pelo fortalecimento e modernização do Ministério do Trabalho e Emprego

Em atenção às polêmicas envolvendo o Ministério do Trabalho e Emprego, a CTB vem a público para expor sua opinião a respeito do quadro atual e futuro desse Ministério, bem como abordar algumas questões que, no nosso entendimento, devem ocupar o topo da agenda do governo. O Brasil tem um legado perverso nas relações do trabalho.
Por quase quatro séculos, predominou o trabalho escravo. Com a abolição em 1888, a despeito das revoltas e lutas dos trabalhadores, presidia uma concepção retrógrada com os trabalhadores. Só em novembro de 1930, no início do governo Vargas, foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, sob o comando de Lindolfo Collor. Em 1960 passa a denominar-se Ministério do Trabalho e Previdência Social e, em 1999, recebeu a denominação de Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que vigora até hoje.
O campo de competências do MTE inclui a política e diretrizes para a geração de emprego, renda e de apoio ao trabalhador, relações do trabalho, fiscalização do trabalho, política salarial, formação e desenvolvimento profissional, segurança e saúde do trabalho, imigração, cooperativismo e associativismo urbanos. Com convicção, pode-se afirmar que o MTE é fundamental para viabilizar políticas democráticas e avançadas de valorização do trabalho em todas as suas modalidades. Acrescente-se que a amplitude de suas competências desaconselha qualquer tipo de fusão com outros ministérios, medida que, se efetivada, constituiria grave retrocesso.
A opinião da CTB é que o MTE, há décadas, sofre um duplo ataque: desvalorização e diminuição de seu quadro de servidores e sucateamento de suas estruturas. A manutenção desse binômio perverso acaba por fragilizar a ação institucional do Ministério e abrir campo para os mais variados ataques aos direitos dos trabalhadores. No terreno da fiscalização, segurança e saúde do trabalho, por exemplo, o quadro diminuto de servidores abre espaço para o trabalho escravo e infantil, bem como, para o estabelecimento de relações predatórias de trabalho. Um exemplo: segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) o Brasil tem o macabro título de 4º país com maior número de acidentes do trabalho do mundo (1,3 milhão de casos), a morte de cerca de 3 mil trabalhadores por ano e mais de 100 mil permanentemente inválidos.
A falta de médicos, auditores fiscais e técnicos administrativos, a desestruturação física e humana do Ministério e das suas Superintendências Regionais acabam por provocar uma espécie de falência múltipla dos diversos órgãos do Ministério, agravados por uma realidade do mercado de trabalho que requer maior controle estatal.
O movimento sindical brasileiro também padece com este sucateamento, as ações no âmbito de regularização - ou demais procedimentos - das entidades sindicais, sejam elas de base ou de grau superior, ficam relegadas a segundo plano prejudicando – por vezes - o pleno exercício do direito dos trabalhadores e trabalhadoras.
Embora no último período tenha diminuído bastante o desemprego e aumentado o emprego com carteira assinada, o Brasil ainda convive com o chamado trabalho precário - aumento desregrado da terceirização, mais de 40 milhões de trabalhadores na informalidade, fora, portanto, das estatísticas oficiais.
Além disso, gigantesca rotatividade de mão-de-obra no país dificulta o acompanhamento do cumprimento das normas do trabalho, exigindo, com isso, um MTE muito mais aparelhado e estruturado do que o atual. Pelas razões expostas, a CTB manifesta sua posição contrária à propalada fusão dos Ministério do Trabalho e Emprego com o da Previdência Social e reclama, em contrapartida, a modernização e fortalecimento do MTE, com a realização de concursos públicos para suprir a demanda de profissionais e melhor estruturação das Superintendências .

São Paulo, 7 de dezembro de 2011.
Wagner Gomes Presidente
Presidente Nacional da CTB

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A mídia golpista e o sindicalismo classista

* Augusto Petta

Quando cursei Ciências Sociais, no final da década de 60, várias frases de Marx me chamavam a atenção. Uma delas é a seguinte: “As idéias dominantes de uma época são as idéias das classes dominantes”. Seja em regimes ditatoriais ou democráticos, no sistema capitalista, as idéias burguesas têm hegemonia. Isto não quer dizer que as idéias do proletariado ficam totalmente massacradas e sem possibilidade alguma de manifestação. O que ocorre é que há uma luta ideológica e quanto mais a classe trabalhadora conquista espaço no terreno das idéias que expressam seus interesses, maiores as possibilidades de conquistar seu objetivo estratégico, o socialismo.
Por relações de parentesco e por acompanhar com interesse os fatos políticos mais relevantes que ocorrem em nosso país, acompanhei de perto o massacre midiático que atingiu brutalmente o ex-Ministro Orlando Silva. A mídia golpista, a serviço de interesses econômicos e políticos das forças dominantes, buscou atingir a reputação de uma liderança jovem que se firma cada vez mais no cenário político nacional. E depois de mentir, o policial que a mídia acolheu sem provas, declarou que realmente não tinha provas!
Como Marx tinha clarividência de que o capitalismo é intrinsecamente injusto - em função inclusive do processo de exploração baseada na mais-valia - atribuía ao sindicalismo, além da organização e mobilização dos trabalhadores, ser escola de socialismo. Nesse sentido, cabe à entidade sindical, desenvolver dialeticamente, a luta econômica, política e ideológica. Na verdade, o sindicato nasceu, no século XVIII, na Inglaterra, época da Revolução Industrial, para organizar os trabalhadores e trabalhadoras na luta por melhores condições de salário e trabalho. Posteriormente, já no século XIX, se envolveu em movimentos políticos, a exemplo do Cartismo que reivindicava que todos os cidadãos tivessem direito de votar e de ser votado, e que o voto fosse secreto. E ao desenvolver a luta econômica e a luta política, o sindicalismo envolveu-se na luta ideológica.
No momento atual, com o avanço tecnológico na comunicação, com a viabilidade de veículos que atingem instantaneamente milhões e milhões de seres humanos, a luta ideológica adquire importância fundamental. Os grandes veículos de comunicação atuam de acordo com os interesses dos que detêm o poder econômico. A mídia golpista atinge aqueles que se opõem a esses interesses inclusive as entidades sindicais. Basta verificarmos as matérias que são insistentemente publicadas a respeito do imposto sindical e das outras taxas que mantêm as atividades sindicais.
A grande questão que se coloca aos sindicalistas classistas é o que fazer diante desse ataques constantes da mídia. É necessário elevar o nível de consciência política dos trabalhadores e das trabalhadoras em geral, para que desenvolvam cada vez mais o senso crítico e a percepção de que a luta de classes está presente no embate político que se desenvolve. Hoje no Brasil, os setores reacionários que foram derrotados em 2002, 2006 e 2010 não resistem à comparação dos dados relativos às condições de vida da população brasileira. Evidentemente, os Governos Lula e Dilma são muito superiores aos Governos FHC. Por isso, mentem para enganar a classe trabalhadora; na medida que esta tiver nível de consciência política avançado, terá melhores condições para separar o joio do trigo, e de denunciar as inverdades da mídia.

Augusto Petta é professor, sociólogo, coordenador técnico do Centro de Estudos Sindicais (CES), membro da Comissão Sindical Nacional do PCdoB, ex- Presidente do SINPRO-Campinas e região, ex-Presidente da CONTE.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Carlos Lupi não resistiu à pressão após denúncias de corrupção e deixou o cargo

Laryssa Borges
Direto de Brasília
O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi (PDT), pediu demissão à presidente Dilma Rousseff (PT) neste domingo, após denúncias de irregularidades na pasta e de que teria ocupado cargos-fantasma. Segundo um ministro que acompanhava a crise por que Lupi passava, o chefe do Trabalho se reuniu com Dilma no Palácio da Alvorada, em Brasília, e selou uma espécie de "acordo" para deixar o primeiro escalão do governo federal.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Em nota divulgada pelo ministério, Lupi elenca como motivos para sua saída da pasta a "perseguição política e pessoal da mídia" e o parecer da Comissão de Ética da Presidência da República, que o "condenou sumariamente" ao recomendar sua exoneração. "Faço isto para que o ódio das forças mais reacionárias e conservadoras deste país contra o Trabalhismo não contagie outros setores do governo", escreveu.
No comunicado, Lupi destacou que em sua gestão de cerca de cinco anos milhões de empregos foram gerados e as centrais sindicais foram reconhecidas. "Saio com a consciência tranquila do dever cumprido, da minha honestidade pessoal e confiante por acreditar que a verdade sempre vence."
Assume interinamente a pasta do Trabalho o secretário-executivo, Paulo Roberto dos Santos Pinto. Ao longo da semana, a presidente irá discutir a nova titularidade do ministério. Lupi é o sétimo ministro do governo Dilma a deixar o cargo, o sexto por denúncias de corrupção.
Comissão de Ética pede exoneração
Apesar do apoio do partido e da vontade da presidente em não perder mais um ministro para denúncias de corrupção, a permanência no comando da pasta se tornou insustentável nesta semana após a Comissão de Ética Pública aplicar na última quarta-feira, por unanimidade, uma advertência e recomendar à presidente a demissão do ministro.
Segundo o presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, as explicações do ministro não foram consistentes. "A Comissão entendeu que não havia explicação para uma série de convênios firmados pelo ministério", disse

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Terceirização: Assis pede mobilização para reverter projeto

O deputado Assis Melo (PCdoB-RS), presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região e dirigente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), quer a mobilização da classe trabalhadora para reverter os pontos negativos do projeto de lei sobre a regulamentação da terceirização. O relatório do deputado Roberto Santiago (PSD-SP) foi aprovado na semana passada na comissão especial.
“Há muito descontentamento com o relatório de Santiago sobre a regulamentação da terceirização de forma desenfreada, que precariza os direitos dos trabalhadores”, explica Assis. Para o deputado, repetindo os argumentos da CTB e Central Única dos Trabalhadores (CUT), a terceirização precisa ser restringida e não ampliada.

Na reunião da Câmara de Negociação, nesta terça-feira (29), por decisão unânime dos integrantes da Comissão, será pedido o apoio e intervenção do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), para que a discussão seja levada à apreciação do Plenário da Casa.

A proposta aprovada foi enviada como sugestão ao relator da matéria na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), deputado Arthur Oliveira Maia (PMDB-BA). O parlamentar precisa apresentar parecer que será votado pelos membros da CCJ. Se aprovada, como a proposição é conclusiva nas comissões, a sua análise no Plenário somente ocorreria se 51 deputados assinassem o recurso.


De Brasília
Márcia Xavier

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Eternit é condenada a pagar indenização pelo uso de amianto

Um tribunal belga condenou ontem a Eternit, uma fabricante multinacional de materiais de construção, a pagar uma indenização de 250 mil euros a uma família em que quatro pessoas morreram após a exposição ao amianto. Essa substância, também chamada de abesto, é composta de uma fibra mineral natural, utilizada em diversas aplicações na indústria, construção e produtos de grande consumo, que entram no corpo humano por inalação e causam doenças como câncer de pulmão e mesotelioma pleural e peritoneal.
No ano de 2000, uma mulher decidiu processar a multinacional Eternit ao saber que sofria de câncer de pulmão, a mesma doença que matou o seu marido, que era empregado da empresa em sua sede em de Kapelle-op-den-Bos (norte da Bélgica). Tanto a mulher, como os dois filhos do casal morreram desta doença, que mata somente aqueles que tenham sido expostos ao amianto (registra-se um caso por milhão entre as pessoas que não tenham sido expostos a esta substância).
Por esta razão, o tribunal civil de Bruxelas se pronunciou e, finalmente, condenou em última instância a multinacional “como culpada por ter usado o amianto, em que pese conhecer os riscos que apresentava para a saúde", embora a empresa tenha argumentado que os perigos deste material "não estavam claramente determinados”. A corte levou em conta na decisão o "cinismo incrível com que o conhecimento científico (sobre os perigos do amianto) foram descartados por causa do lucro”.
De acordo com um relatório publicado pelo Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (INTI), o uso do amianto foi proibido na Argentina, a nível nacional em 2001, através da Resolução 823/01 do Ministério da Saúde da Nação, que proíbe sua produção, comercialização e uso de tais fibras em todas as suas variedades. Além disso, a cidade de Buenos Aires, elaborou um regulamento contra o amianto através da Lei 1820/05.
O amianto é composto por milhares de fibras elementares, solidamente unidas, e que podem separar-se com facilidade longitudinalmente em fibras mais finas e mais finas, até chegar a fibras microscópicas. Aqui reside o perigo chave desta fibra, bilhões delas podem estar no ambiente e ser transportado à distância devido a correntes de ar, acrescenta a investigação realizada pelo INTI.
Dessa forma, os resíduos que contem fibras de amianto são consideradas "resíduos perigosos", aprovado pela Lei 24.051 de 1992. Em seu artigo 2 º afirma que "todos os resíduos que possam causar estragos direta ou indiretamente, ao seres vivos ou contaminar o solo, a água, a atmosfera e o ambiente em geral”.
O amianto foi utilizado durante décadas na construção civil (telhas, azulejo, caixas d´água cimento), na indústria automobilística (embreagens, freios, transmissão), no setor têxtil e até mesmo no setor de alimentos, devido à sua versatilidade como um isolante.
Mundialmente, os Estados Unidos já havia proibido o uso do amianto desde 1989, enquanto que a União Européia o fez 10 anos mais tarde, depois de descobrir que a exposição a este material provocava "o câncer de pulmão" uma doença com alta taxa de mortalidade. Um estudo recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que na atualidade há em todo o mundo “125 milhões de pessoas expostas ao amianto no lugar do trabalho”.

Fonte: Página 12, 30 de novembro de 2011

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Assessores de Carlos Lupi pediam 1 milhão de reais por registro sindical

Reportagem em VEJA desta semana mostra que sindicalista ligado ao PT alertou o Palácio do Planalto sobre o esquema de extorsão na pasta há nove meses, mas nada foi feito

Nas últimas semanas, o país conheceu a extensa lista de serviços prestados pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi – não aos brasileiros, mas ao seu partido, o PDT. A edição de VEJA que chega às bancas neste sábado acrescenta à relação mais uma traficância em curso na pasta: um esquema de extorsão envolvendo assessores de confiança do ministro que cobram propina para emitir o registro sindical. O governo foi alertado para o caso há nove meses por sindicalistas ligados ao PT, mas nada foi feito a respeito.

Quem relata o caso é o mecânico Irmar Silva Batista, que foi pego na engrenagem quando tentava criar o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo (Sirvesp). Em 2008, o então secretário de Relações do Trabalho, Luiz Antonio de Medeiros, o apresentou a um assessor, Eudes Carneiro, que lhe pediu 1 milhão de reais para liberar o registro. Irmar se recusou a pagar e o registro não saiu até hoje.
 
Em fevereiro deste ano, Irmar enviou por e-mail uma carta para a presidente Dilma Rousseff e para o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. No documento, ele narra o caso e pede providências. O Palácio do Planalto acusou o recebimento da carta em 9 de março, mas na semana passada a assessoria de imprensa da Presidência informou que não foi possível fazer nada. Por motivos técnicos: o trecho que narrava a denúncia, estranhamente, teria chegado cortado na mensagem recebida. Ouvidos por VEJA, todos os citados por Irmar Batista negaram o pedido de propina.

Em entrevista à reportagem, Irmar Batista contou em detalhes o pedido de propina. Confira a seguir duas das respostas publicadas por VEJA:

O senhor foi achacado no Ministério do Trabalho? No fim de 2008, fui a Brasília reclamar da demora para registrar o sindicato. Procurei o Medeiros (Luiz Antonio de Medeiros, então secretário de Relação do Trabalho), que me levou a uma sala ao lado e disse: "O que o Eudes acertar, está acertado". Então ficamos a sós com o Eudes Carneiro (assessor do ministério). Antes da reunião, o Eudes mandou a gente desligar os celulares. Sentamos à mesa e veio a proposta indecente: eles pediram 1 milhão de reais para liberar o registro do sindicato.

O senhor fala em esquema, o que sugere que seu caso não foi o único. Vários sindicatos foram extorquidos, mas o pessoal tem medo de aparecer. Há outros sindicatos que também foram vítimas disso que aceitaram pagar propina.

Fonte: Revista Veja, 27 de novembro de 2011

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Denúncias contra Lupi revelam rixa entre Força e CUT

As denúncias envolvendo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, revelaram uma disputa entre as centrais sindicais. De um lado, a maior do país, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT, e, do outro, as outras cinco entidades, galvanizadas pela Força Sindical, ligada ao PDT, do qual Lupi é o presidente de honra. A gestão de Lupi, iniciada em 2007, foi excelente para as centrais, que foram autorizadas a receber uma parcela do imposto sindical - R$ 351 milhões foram divididos pelas seis de abril de 2008 para cá. A utilização dos recursos não é fiscalizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), vitória que conseguiram também com apoio do governo.

A reportagem é de João Villaverde

Ainda que tenha sido a principal beneficiária do repasse (com pouco mais de R$ 100 milhões), a CUT tem se afastado, desde o início do ano, do grupo liderado pela Força, que liga a recente proeminência das centrais no debate público ao canal aberto a elas por Lupi. Além de defender o fim do imposto sindical, a CUT não subscreveu as notas de desagravo que as cinco centrais divulgaram nas últimas semanas, de apoio ao então ministro do Esporte, Orlando Silva, e a Lupi.

A cúpula da Força Sindical vê "má vontade" da CUT em defender Lupi um "claro interesse" em retomar o ministério - o antecessor de Lupi na Pasta, Luiz Marinho (PT), atual prefeito de São Bernardo do Campo (SP), fora presidente da CUT entre 2003 e 2005, quando assumiu a Pasta, no governo Luiz Inácio Lula da Silva.

O entendimento da Força é compartilhado pelas outras centrais, segundo o testemunho colhido pelo Valor junto aos líderes da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e Central Geral de Trabalhadores do Brasil (CGTB).

A avaliação que o presidente da Força, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, tem feito aos dirigentes da central em São Paulo é que o PDT pode perder o Ministério do Trabalho, e receber outro em troca. A substituição de ministérios seria uma forma de o governo Dilma Rousseff demonstrar que os partidos não são donos dos ministérios.

"Ficou a impressão de que o Ministério do Esporte é do PCdoB e do Trabalho é do PDT", afirmou um dirigente da Força, que não é filiado ao PDT e pediu para não ser identificado. Uma das principais fiadoras de Lupi no Trabalho, a Força avalia que não terá peso suficiente para indicar um substituto caso Lupi deixe o ministério - especialmente se o PDT deixar a Pasta.

O nome com maior ascendência junto ao PDT para a eventual substituição de Lupi, o deputado Brizola Neto (RJ), não é próximo da Força ou das centrais. Neto foi, por apenas 40 dias secretário de Trabalho do governo Sérgio Cabral, no Rio de Janeiro, em janeiro e fevereiro deste ano.

Segundo Wagner Gomes, presidente da Central Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras (CTB), braço sindical do PCdoB, a situação de Lupi está "superestimada". Segundo Gomes, Lupi conduz "um trabalho importante de organização do movimento sindical".

"Lupi sempre busca a opinião das centrais quando faz alguma articulação com os sindicatos. É um ministro importante para o governo, e tem sofrido a mesma pressão política que sofreu o Orlando [Silva, ex-ministro do Esporte]", afirmou ao Valor o presidente da CTB. Para Gomes, "essa acusação de que o ministro pegou carona em um teco-teco é muito pouco relevante para derrubá-lo".
Fonte: Valor, 17 de novembro de 2011

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Lei do aviso prévio proporcional deixa lacunas jurídicas

Por Tiago Silveira de Almeida

O aviso prévio proporcional, apesar de ser uma antiga reivindicação decorrente do Projeto de Lei nº 3.941-F, de 1989, que resultou na aprovação da Lei nº 12.506/2011, limitou-se a criar nova regra ao inciso II do Art. 487 da CLT, ampliando proporcionalmente o período de duração do aviso em relação tempo trabalhado na empresa se superior a um ano.

Muito embora o projeto tenha tramitado no Congresso Nacional por mais de duas décadas, infelizmente, apenas ampliou de 30 para 90 dias o seu prazo de concessão, proporcionalmente, ao período laborado, atendendo-se a seguinte regra: empregado que tenham até um ano de serviço prestado para determinado empregador terá direito a 30 dias de aviso prévio. No entanto, para cada ano subsequente, o período do aviso será acrescido de três dias de serviço, até o limite de 60 dias, os quais, com o acréscimo dos 30 já adquiridos, chega ao limite de 90 dias na hipótese de um funcionário que tenha laborado por 20 anos na mesma empresa.

Todavia, reproduzindo as palavras do presidente do Tribunal Superior do Trabalho, João Orestes Dalazen, em entrevista veiculada no dia 17 de outubro deste ano ao site jurídico Espaço Vital, “Infelizmente, a lei foi aprovada a toque de caixa – não obstante tramitasse a mais de 22 anos no Congresso – e deixou muito a desejar porque não regulou várias situações jurídicas que estão causando perplexidade”.

Há muito tempo o aviso prévio proporcional já fazia parte de algumas convenções coletivas negociadas por categorias profissionais mais organizadas no Estado de São Paulo, como os metalúrgicos de Osasco e os trabalhadores da saúde da Grande São Paulo, garantindo além de um prazo excedente aos 30 dias, proporcional ao período laborado, também um aumento de prazo em decorrência da idade do trabalhador.

Deste modo, se constata que a matéria possuía uma discussão em nível nacional, não se justificando que pontos cruciais como a regulação relativa ao pedido de demissão pelo empregado com vários anos de carteira assinada ou a possibilidade de negociação entre as partes para dispensa ou cumprimento parcial do aviso, não tivessem sido tratados pela Lei nº 12.506/11, o que justifica a crítica do Presidente do TST.

De forma exemplificativa, cabe salientar o caso de um trabalhador com vários anos de carteira assinada por uma empresa, que pede demissão e resolve não cumprir o período do aviso prévio. Nesse caso, como o aviso é um direito de mão dupla, e o empregado também está obrigado a conceder o aviso ao seu empregador, forte no §2º do Art. 487 da CLT, o empregador terá o direito de descontar na rescisão o equivalente monetário ao aviso prévio.

Todavia, o §5º do Art. 477 da CLT determina que qualquer compensação na rescisão do contrato não poderá exceder o equivalente a um mês da remuneração, razão pela qual, face ao aumento da proporcionalidade do aviso prévio um trabalhador com 20 anos de carteira assinada, que pediu demissão, o empregador poderá descontar apenas 30 dias, sendo que, os demais 60 dias, em regra, não poderão ser descontados, podendo a empregadora garantir-se do pagamento de qualquer outra forma, como contrato de confissão de dívida ou a assinatura de promissórias em seu favor, sob pena, do desconto integral do aviso prévio proporcional ser, posteriormente, anulado mediante ulterior decisão judicial.

Por outro lado, o empregado dispensado sem justa causa, com direito de receber mais de 30 dias, e que a empresa opte em dispensar o cumprimento do aviso trabalhado, receberá um valor maior do que os atuais 30 dias de praxe no momento da homologação da rescisão perante o sindicato.

Cumpre registrar que não há qualquer menção a temas reflexos ao aviso prévio como o cumprimento de sua jornada de trabalho, pois, na norma anterior, o empregado poderia optar em reduzir a sua jornada diária em até duas horas ou até sete dias o período laborado no aviso. Todavia, a norma atual é totalmente omissa. Assim, um empregado que tenha direito a mais dias de aviso prévio proporcional terá os mesmos sete dias finais sem labor, ou, duas horas diárias de redução no período, em relação a outro empregado que tenha direito a apenas 30 dias de aviso prévio.

A lei é omissa em relação ao tempo de cumprimento do aviso prévio proporcional, se conta ou não, no tempo de serviço do empregado e como se dará esse cálculo de dias. É omissa, também, em relação à multa de 40% sobre o saldo do FGTS, entendendo-se, portanto, que não há nenhuma alteração. É imprescindível salientar que em face da ausência de expressa regulamentação a lei não se aplicará a casos anteriores a data de sua publicação, e, finalmente, que a lei deveria prever a possibilidade de negociação entre as partes para que o empregado possa ser dispensado do cumprimento do aviso ou cumpri-lo parcialmente.

Diante de tais omissões, resta inequívoco que os pontos omissos serão objeto de futuras apreciações pelo judiciário, originando demandas específicas apenas sobre esse tema, bem como, torna-se evidente o risco de crescimento da informalidade diante de normas mais rígidas para as empresas, além de que esse custo certamente será repassado aos produtos ou consumidores finais, fazendo com que a sociedade, mais uma vez, pague o custo de uma norma que não soma ou contribui para o engrandecimento jurídico nacional, muito pelo contrário, segue na contramão da flexibilização das normas trabalhistas modernas.
 

Tiago Silveira de Almeida é sócio do escritório Dupont Spiller Advogados.
Revista Consultor Jurídico, 15 de novembro de 2011

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Lobistas atuam dentro do Ministério do Trabalho

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, permite a atuação de lobistas dentro do ministério para negociar a liberação do registro sindical. São ex-funcionários da pasta, alguns ligados ao próprio Lupi, que agem como intermediários, com livre acesso aos gabinetes, para acelerar processos, furar a fila de outros, negociar pendências e garantir para um sindicato parte do bolo anual de R$ 2 bilhões arrecadados com o imposto sindical. Quem paga o pedágio do lobby tem a promessa de jogo rápido, segundo sindicalistas ouvidos pela reportagem. De 2007 até hoje, período em que Carlos Lupi está no comando, cerca de 1.120 entidades sindicais conseguiram registro. Na terça-feira passada, Lupi encontrou a lobista Martha Moreira de Freitas na reunião do Conselho Curador do FGTS, presidido pelo ministro. Ela é do Grupo de Apoio Permanente (GAP) do conselho e ainda ganha dinheiro para cuidar dos interesses dos 400 sindicatos filiados à Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) nos processos de registro sindical no ministério. Tem trânsito livre no gabinete da secretária de Relações do Trabalho, Zilmara David de Alencar, que recebe os pedidos de carta sindical.

Fonte: Agência Estado

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

MTE orienta superintendências de Trabalho acerca no novo aviso prévio

Com propósito de esclarecer e dirimir dúvidas acerca do aviso prévio proporcional de até 90 dias, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio da Secretaria de Relações de Trabalho (SRT), expediu uma circular aos superintendentes regionais do Trabalho nos estados.
Na circular, entre outras orientações, a SRT afirma que o aviso prévio conformado na Lei 12.506/11 é "voltado estritamente em benefício de todos trabalhadores urbanos, rurais, avulsos e domésticas". Isto é, a proporcionalidade não é extensiva ao empregador.
Em relação à contagem do acréscimo ao tempo de aviso prévio "deverá ser calculado, a parir do segundo ano completo", determina a circular, conforme tabela que publica.
O documento também orienta que 'a lei não poderá retroagir para alcançar a situação de aviso prévio já iniciado' e, ainda, diz que 'racaindo o término do aviso prévio proporcional nos trinta dias que antecedem a data base, faz juz o empregado despedido à indenização prevista na Lei 7.238/84'.
Esta lei dispõe sobre a manutenção da correção automática semestral dos salários, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Veja aqui a íntegra da circular.

A FOME RONDA OS LARES E OS TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL LUTAM POR SEUS DIREITOS


São tempos difíceis para os trabalhadores, em geral e para os trabalhadores da construção civil, em particular. Demitidos em massa, em julho deste ano, milhares de trabalhadores esperam, ansiosamente, pelo cumprimento de compromissos de ordem legal que teimam em não ser respeitados.
A R. Carvalho não paga as rescisões trabalhistas a que tem direito e apesar de vários ajustes e pactuações envolvendo, inclusive o banco safra, até o presente momento não foram pagas as verbas rescisórias. Não conseguem sacar FGTS simplesmente por que não foi depositado. Os 40% a que fazem jus a título de multa rescisória, considerando que as demissões não têm justa causa, são desejados, mas não são pagos. Assim, vêem o espectro da fome rondar seus lares e buscam apoio da sociedade no sentido de uma busca conjunta de soluções. A luta está no território judicial. Há esperanças, mas o esgotamento e a tolerância dos trabalhadores parecem estar chegando ao fim.
A caixa parece desejar lavar as mãos como pôncio pilatos e abandona os interesses dos trabalhadores, que a acusa de defender os patrões.
Existe a possibilidade de novas paralisações nos canteiros de obras de feira de Santana. A atividade econômica está reduzindo embora o governo central ainda esteja a exibir bons e generosos números no setor do emprego. Os trabalhadores reclamam de insegurança e precarização trabalhista haja vista que acusam as empresas contratadas pela caixa de cometerem crime de apropriação indébita sob a ótica tolerante e leniente do banco estatal. Os trabalhadores denunciam, nas ruas, que a R. Carvalho não recolheu o FGTS dos trabalhadores e que descontou mas não depositou o INSS da massa de desempregados que podem ver suas potenciais aposentadorias ameaçadas pelo não cumprimento da lei.
As estatísticas exibidas pela política chapa branca voltam a engordar, entretanto, o que se vê nas ruas é protesto descontentamento e a sombra impiedosa da fome a ameaçar os explorados.
TRABALHADORES COBRAM SEUS DIREITOS
Concentrados em frente à sede da caixa econômica de Feira de Santana/Bahia, trabalhadores da construção civil liderados pelo Sintracom/FETRACOM/BA/CTB, denunciam o não cumprimento de vários acordos estabelecidos com a participação da caixa e da R.Carvalho, empresa do ramo da construção civil que demitiu 5.222 trabalhadores envolvidos nas obras do projeto minha casa,minha vida em Feira de Santana, no mês de julho de 2011.
Dirigiram-se de forma ordeira e pacífica até a sede da caixa e lá se estabeleceram sem tempo definido, segundo os oradores, para afastar-se. Revelaram o seu profundo desencanto com a Caixa Econômica e com o governo federal, acusado de abandoná-los num favorecimento escancarado, pelos patrões. Queixam-se de dificuldades várias, dentre elas desordens econômico-financeiras que os está levando ao desespero e à fome.
Aguardavam, ansiosamente, o cumprimento de um novo acordo intermediado pelo banco safra (banco privado) que emprestaria R$10 milhões à empresa em dívida com os milhares de trabalhadores despedidos sem justa causa, para amortizar a estratosférica dívida de cerca de R$21 milhões que a R.Carvalho tem com os operários.
Denunciam a omissão da Caixa Econômica no que diz respeito ao não recolhimento por parte da R.Carvalho do FGTS e do INSS de milhares de empregados ,que era descontado em folha e não recolhido à previdência, o que caracteriza apropriação indébita. Consideram que as suas dores e sofrimentos devem-se, em parte, à tolerância excessiva que a caixa tem demonstrado com a empresa não cumpridora dos seus deveres legais.
A decepção dos trabalhadores com o governo federal e a caixa econômica foi escancarada nas ruas. Os trabalhadores depositam suas esperanças na justiça do trabalho.
Enquanto lutam, a fome ronda os seus lares!
Mais de 20.000 seres humanos dependem dos salários destes trabalhadores e, com a inflação que parece fugir do controle oficial, as dificuldades crescem em proporção geométrica. Clamam por justiça e confiam e agem segundo a lei, mas já demonstram sinais de esgotamento. Enquanto esperam, o governo exibe números bombásticos de emprego na região de Feira de Santana que desconsideram as maciças demissões de julho e traçam um quadro que tenta negar as realidades de milhares de trabalhadores abandonados pelo governo federal e pelos partidos ditos de esquerda (por coerência deveriam estar a defendê-los). Faça-se exceção ao PCdoB, que através da CTB está na linha de frente deste árduo combate social.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Em artigo, Martinho da Vila defende Orlando Silva - Portal Vermelho

Em artigo publicado no jornal O Dia, o consagrado sambista Matinho da Vila apóia Aldo Rebelo, mas disse ter ficado triste com a saída de Orlando Silva.
Leia abaixo a íntegra do artigo.

Salve! meu anjo da guarda!
No horóscopo chinês, sou do signo de Tigre, e no ocidental, de Aquário. Na religião afro, todos têm um orixá de cabeça, um de costa e um de frente. Para saber qual é o seu santo protetor, caríssimo leitor, terás que submeter-se a um jogo de búzios. Convém consultar três babalorixás ou ialorixás para confirmar. No judaísmo e no catolicismo, todos têm um anjo da guarda e um arcanjo. Fazendo o exercício do livro dos anjos é possível saber qual nos protege.

Por Martinho da Vila
Dona Ivone Lara me disse que tenho de me lembrar sempre do meu anjo da guarda para ele não esquecer de mim. Disse também que quem tem um protetor forte sai ileso das situações mais embaraçosas e não entra em fria. Meu santo-forte é poderoso e já me livrou de muitas situações difíceis — como podem observar em três ocasiões que vou citar, que poderiam me deixar mal, mas eu fiquei numa boa.
Na primeira, quando era sargento do Exército, ia viajar para o Oriente Médio e, na última hora, fui cortado do Batalhão Suez. Fiquei chateado, mas depois feliz porque, com o corte, escapei de sofrer com a Guerra dos Seis Dias. Na segunda, na hora do embarque, fui transferido do vôo do avião da Varig que caiu em Orly e todos os passageiros morreram. Na terceira, escapei de ser vítima do humor sarcástico de algum cronista sensacionalista, vejam só: pretendia fazer uma escolinha de futebol lá na terra do Arouca, que joga pelo Santos do Neymar, e ia inscrever o Instituto Cultural Martinho da Vila no programa Segundo Tempo da Secretaria Nacional de Esporte Educacional, com o objetivo de formar outros Aroucas em Duas Barras. Como o ICMV vai passar por uma reforma e está com as atividades suspensas, pensando bem, achei melhor esperar a conclusão das obras da sede e, depois de retomada as atividades, batalhar pela escolinha.
Creio que foi um anjo que me guiou para tal decisão porque, mesmo se eu tivesse conseguido o patrocínio, o campo não estaria pronto e um comentarista político maldoso poderia soltar o verbo pra cima de mim, possivelmente assim: “Sambista filiado ao PCdoB, amigo do Orlando Silva, que já fez festa de aniversário para o ministro em sua residência na Barra e que já o hospedou em sua fazenda, recebeu dinheiro do Programa Segundo Tempo do Ministério dos Esportes e não fez nada”.
É… meu santo é mesmo forte. Meu anjo da guarda está sempre de plantão, e meu arcanjo não dorme. O comentário seria uma calúnia, pecado que deveria ser classificado como capital, mas eu nem iria me amofinar e permaneceria com o meu sorriso aberto porque está escrito: “Não dê ouvidos às intrigas e calúnias; só a árvore que produz frutos é que se vê apedrejada, para deixá-los cair. À árvore estéril ninguém dá importância e a calúnia pode ser uma honra para quem a recebe”. Continuo sorrindo porque o correto Aldo Rebelo assumiu a pasta, mas fiquei triste com a queda do ministro Orlando Silva.

Declaração conjunta da CTB-CUT-NCST sobre terceirização

Aos
Excelentíssimos (as) Senhores (as) Deputados (as) Federais:

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, a Central Única dos Trabalhadores – CUT e a Nova Central Sindical dos Trabalhadores - NCST, têm acompanhado com grande preocupação os debates na Câmara dos Deputados acerca das propostas de regulamentação da terceirização no Brasil. É fundamental que um debate tão importante seja aberto, democrático e transparente, e que todos os setores da sociedade sejam ouvidos e respeitados.

Uma regulamentação da terceirização, qualquer que seja, atingirá mais de 30 milhões de trabalhadores e pode representar, na prática, uma reforma da legislação trabalhista com grandes impactos no mercado de trabalho brasileiro, podendo significar  a institucionalização  da precarização do trabalho, representando o  aumento da jornada, a ampliação das situações de risco, dos acidentes e doenças, o crescimento da rotatividade e o rebaixamento salarial. Por isto, acreditamos que o diálogo com a sociedade precisa ser aprofundado e não pode restringir-se somente a algumas comissões desta Casa.

Entendendo a importância da negociação democrática e da busca de consensos, propomos a consideração das seguintes premissas que são fruto de um amplo debate realizado entre as Centrais Sindicais e o Ministério do Trabalho, ao longo de dois anos, 2008 e 2009 e que precisam ser retomadas:

• Proibição da terceirização na atividade-fim, inclusive no serviço público;
• Proibição de toda e qualquer possibilidade de subcontratação;
• Responsabilidade solidária da empresa contratante pelas obrigações trabalhistas e previdenciárias;
• Isonomia e igualdade de direitos entre todos trabalhadores e trabalhadoras garantindo o princípio da progressividade de direitos e da norma mais favorável;
• Direito à informação prévia e negociação coletiva por ramo preponderante;
• Proibição de terceirização das atividades que são tipicamente de responsabilidade do Setor Público.

Convidamos os Senhores e Senhoras Parlamentares para que discutam com o movimento sindical e com os demais setores da sociedade uma proposta de regulamentação da terceirização que coíba qualquer forma de precarização do trabalho.


Brasília, 08 de novembro de 2011

Wagner Gomes                   Artur Henrique da Silva Santos                         José Calixto
Presidente CTB                            Presidente CUT                                   Presidente NCST