Repórter da Agência Brasil
Brasília - A renda domiciliar per capita dos brasileiros cresceu
acima das expectativas de desenvolvimento econômico do país neste ano. O dado é
do Comunicado 2012: Desenvolvimento Inclusivo Sustentável, do Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo o estudo, a qualidade de vida
cresceu mais no Brasil do que o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os
bens e serviços produzidos no país). Isso indica que, apesar do chamado
“pibinho” de 2012, o aumento da renda, a diminuição da desigualdade e os
indicadores de felicidade mostram que os aspectos sociais brasileiros estão em
pleno crescimento.
Enquanto a expectativa de crescimento do PIB brasileiro é 1,03%, conforme
pesquisa do Banco Central com instituições financeiras, os indicadores sociais
analisados pelo Ipea mostram que a renda per capita cresce a uma média
de 4,89% em 2012.
Segundo o presidente do Ipea, Marcelo Neri, o setor financeiro estima para
este ano crescimento do PIB per capita em torno de 1%, o que, com o
aumento da população, acaba sendo igual a zero. Para ele, as variações mostradas
na pesquisa do instituto são a prova de que, diferentemente do que prevê o Banco
Central, o crescimento não desacelerou. "Enquanto, nas contas nacionais, o
Brasil estagnou, a renda vem crescendo mais rápido e com um desempenho tão forte
quanto no período anterior. O país continua avançando às mesmas taxas que vinha
antes.”
O estudo do Ipea segue as recomendações do Relatório Stiglitz-Sen,
constituído em 2008 a pedido do então presidente da França, Nicolas Sarkozy, com
o objetivo de encontrar uma maneira alternativa ao PIB para medir o crescimento
de um país. Segundo o relatório, a riqueza deve ser medida pela renda e pelo
consumo das famílias, pela distribuição, pelo estoque de riqueza e por medidas
subjetivas de bem-estar.
O instituto usou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad),
até 2011 e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) até outubro deste ano. Segundo a
média do Pnad, o crescimento da renda per capita brasileira ficou em
40,69% de 2003 a 2011. Pela mediana, que desconsidera extremos que podem alterar
o resultado, o crescimento foi maior, de 65,88%. Já o PIB per capita
aumentou 27,70% no período.
Pela PME, observou-se crescimento de outubro de 2011 a outubro de 2012,
período em que a economia brasileira desacelerou. O crescimento da renda
alcançou média de 6,8% e mediana de 8,7%. Nesse período, a renda per capita
da Previdência cresceu 6,14% e a renda do Bolsa Família, 12,19%.
Outro
aspecto analisado pelo Ipea foi a desigualdade. Seguindo os parâmetros do índice
de Gini – quanto mais próximo de zero, menos concentrados são os rendimentos – o
Brasil passou de 0,539 em 2009 para 0,527 em 2011 e, este ano, atingiu 0,522. “A
média não desacelerou. O que observamos agora é uma alta taxa de crescimento da
renda de grupos tradicionalmente excluídos. Mulheres, negros, pobres e
analfabetos tiveram crescimento maior que os outros grupos”, ressaltou Neri.
De 2011 a 2012, quando o crescimento total da renda observado foi, na média,
4,89%, para as mulheres, houve aumento em média 6,53%, para os pretos e pardos,
7,07%, para os moradores de periferia, também 7,07% e para pessoas com menos de
um ano de estudo, 8,44%.
Para o presidente do Ipea, os resultados foram positivos e são sustentáveis.
O risco de uma pessoa ter a renda reduzida e passar a ganhar menos que a mediana
de renda per capita brasileira é, no período de 2011 a 2012, 12,09%. A
chance de ascender socialmente e ganhar mais que a mediana é 30,11%.
Nordeste é região mais feliz do Brasil, aponta Ipea
A situação de um país, em geral, se mede pelo Produto Interno Bruto (PIB) – que é a soma de todas as riquezas produzidas - e pela renda, mas também pode ser medida por outro quesito: a felicidade, segundo o estudo 2012: Desenvolvimento Inclusivo Sustentável?, divulgado hoje (18) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Em outubro, o Ipea pediu a vários brasileiros que dessem, em uma escala de 0 a 10, uma nota sobre a satisfação pessoal. A média nacional foi 7,1, que coloca o Brasil na 16ª posição entre 147 países avaliados em uma pesquisa mundial do Gallup World Poll. Em 2010, a nota da felicidade no Brasil era 6,8, conforme a mesma pesquisa. Com uma média de 7,38, a Região Nordeste é a mais feliz do país, seguida pelo Centro-Oeste (7,37), pelo Sul (7,2) e pelo Norte (7,13). Em última posição, ficou o Sudeste, com 6,68.
Para o presidente do Ipea, Marcelo Neri, embora os indicadores mostrem crescimento econômico pouco expressivo este ano, a satisfação do brasileiro não tem sido afetada drasticamente. “Temos mais felicidade que dinheiro no bolso”, disse.“O brasileiro é consumista, mas não é isso que o define. Os dados mostram que a felicidade aumentou ao longo do tempo e que a variação de renda não implica em grandes variações de satisfação,” destacando que nenhum outro país é tão “insensível” à variação de renda, em comparação a outras nações. O Ipea aplicou o questionário em 3.800 domicílios.
No entanto, o estudo mostra que a satisfação aumenta conforme a renda sobe. Os brasileiros que não têm renda a nota média foi 3,73. Já aqueles que vivem com até um salário mínimo, a nota foi 6,53. Quem tem renda superior a R$ 5.451, a nota foi 8,36.
Em relação à escolaridade, pessoas sem instrução deram uma nota média de 6,4. Aqueles com o ensino fundamental completo, a nota foi 6,95, e com o ensino médio completo, 7,17. Com ensino superior completo, a média foi 7,85.
A pouca diferença entre as avaliações, segundo Neri, é por causa do aquecimento do mercado de trabalho e acesso ao ensino. “A educação no Brasil vem crescendo e saindo de níveis muito baixos. A oferta de trabalho aumentou e o preço dela diminuiu”.
O Ipea aponta que a Pesquisa Mensal de Emprego (PME),do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou crescimento de 4,89% da renda per capita média da população no último ano. A diferença da renda domiciliar per capita caiu 40,5% este ano. Esses dados, segundo o instituto, embasam as explicações sobre a satisfação do brasileiro.
O estudo segue as recomendações do Relatório Stiglitz-Sen, criado em 2008 a pedido do então presidente da França Nicolas Sarkozy, para a elaboração de um método alternativo de mensurar o crescimento de um país. Segundo o relatório, a riqueza deve ser medida pela renda e consumo das famílias, pela distribuição, estoque de riqueza e por medidas de bem-estar.
Edições: Nádia Franco e Carolina Pimentel
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