Miraldo Vieira (CONTRICOM) Edson Cruz (FETRACOM) e Ana Georgina (DIEESE) |
Um novo perfil do setor e dos
trabalhadores da construção civil surgiu no período de 10 anos na Bahia. É o
que revela a pesquisa “Perfil dos Trabalhadores da Construção Civil da Bahia”,
realizada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Sócioeconômicos), sessão Bahia, a pedido da Federação dos Trabalhadores da
Construção Civil da Bahia (Fetracom). Os resultados do estudo, com dados de
2000 a 2011, foram apresentados nesta quarta (23), no hotel Vila Velha, em
Salvador.
De acordo com a coordenadora do
Dieese na Bahia, Ana Georgina, a primeira constatação é que o setor foi um dos
que mais cresceram no estado, mas continua pagando um dos menores salários do
país. “Em 10 anos, o setor cresceu 45,9%. No Brasil, cresceu 114,5%, enquanto o
comércio expandiu 45,6%. Entretanto, a remuneração não acompanhou a evolução,
pois 31% dos operários baianos ganham até 1 salário mínimo e 54,09% chegam a
receber o equivalente a dois mínimos”, pontuou, lembrando que 13% ganha até
meio salário mínimo.
Dos 443 mil trabalhadores
existentes no estado, 176 mil se concentram em Salvador e Região Metropolitana.
“Houve também um aumento de 34,3% do número de pessoas que trabalham por conta
própria dentro das empresas. Hoje são cerca de 600 mil desses profissionais em
todo o Brasil”, disse.
Sobre gênero e raça, a pesquisa
mostrou que 83% dos trabalhadores são negros, enquanto que no Brasil
representam 60%. Houve um aumento do número de trabalhadoras com carteira
assinada de 32% no país.
Georgina disse que a pesquisa foi
realizada no momento de grande crescimento do setor e maior formalização do
trabalho. “Em 2011, os trabalhadores com carteira assinada ficou em torno de
52,8%, contra 7%,1% de operários sem registro.
Entender para atuar
À luz dos resultados, o
presidente da Fetracom, Edson Cruz, destacou que a pesquisa é importante para a
entidade e os sindicatos atuarem melhor na defesa da categoria. “Temos um maior
conhecimento da realidade do setor e do perfil dos trabalhadores. Agora, é
mobilizar a categoria para conquistarmos melhores salários e condições de
trabalho mais dignas”, afirmou.
Para o dirigente, é inaceitável
um setor crescer tanto, graças ao esforço dos operários, mas manter baixos
salários e trabalho ainda precário. “Nossa ação será também para exigir das
empresas maior qualificação profissional para os trabalhadores”, enfatizou.
Fonte: www.bahiatododia.com.br
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