O balanço divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) segundo o qual haverá aumento do desemprego nos países emergentes, incluindo o Brasil, nos próximos anos é um alerta para o governo corrigir rumos e evitar a volta do desemprego crônico que assolava o país na Era FHC. É bem verdade que a crise que atinge os países ricos desde 2008 - a partir dos Estados Unidos pela especulação criminosa nos mercados imobiliários - não terá o mesmo impacto no Brasil como na Europa.
Na Espanha, em consequência da mais grave crise econômica de sua história, 25% dos trabalhadores (quase 5 milhões) estão sem emprego. Na zona do euro, a média atingiu 11,4%. Ou seja, hoje há mais 28 milhões de pessoas desempregadas no mundo do que havia em antes da crise.
O Brasil, segundo a OIT, pode ter mais 500 mil desempregados nos próximos dois anos, com a taxa passando dos atuais 6,3% para 6,5%, este ano.
Em que pese o cenário alentador do Brasil diante do drama mundial, os desafios não são menores para o governo. E o principal deve ser o de fazer do emprego o elemento central das políticas públicas.
Um dos fatores indispensáveis para enfrentar situações de crise é a existência de um Estado forte e eficaz, como ficou provado na boa performance do Brasil após o conjunto de políticas de sustentação do mercado interno de consumo, associadas à política de valorização do salário mínimo e programas de transferência de renda.
As soluções são outras. Pode-se seguir a sugestão de Paulo Nogueira Batista, representante do Brasil e de outros dez países no FMI, que propõe a redução da meta de superávit orçamentário primário para ampliar a recuperação da economia e enfrentar a aceleração do desemprego. Ou copiar Barack Obama, que sugere estender os cortes de impostos para quem ganha menos e aumentar a carga tributária dos mais ricos.
De certo é necessário reduzir os custos financeiros da dívida pública, principalmente, e promover uma redistribuição social da carga tributária. E, urgentemente, deixar de subsidiar oligopsônios (aquelas empresas que influenciam os preços para maximizarem seus lucros) e oligopólios privados sem qualquer justificativa social ou econômica. O que o Brasil precisa para enfrentar o espectro do desemprego é avançar nas mudanças com valorização do trabalho.
Luis Cláudio de Santana é diretor da CTB-RJ e presidente do Sindicato dos Servidores Civis do Ministério da Defesa - SINFA-RJ
Fonte: Portal CTB
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