Nesta
terça (31), atos pelo Brasil protestaram contra o desmonte da Previdência
Social iniciado pelo governo interino de Michel Temer. Os protestos ganharam,
também neste dia, o reforço da Frente
Parlamentar Mista em Defesa da Previdência Social, instalada em
Brasília. Especialistas acusam o presidente ilegítimo de enfraquecer a política
de benefícios e denunciam a tentativa de o governo lançar mão da receita das
contribuições para outros fins.
Por
Railídia Carvalho
A
nova estrutura administrativa da Previdência brasileira (que não tem mais o
nome social) pode resultar na morte do sistema previdenciário construído em
muitas décadas. Em 20 dias de governo de Michel Temer, a Previdência
perdeu a condição de ministério para ser incorporada ao ministério da Fazenda
(a parte de arrecadação) e ao ministério do Desenvolvimento Agrário e
Desenvolvimento Social (a parte de benefícios).
“Parece
que a tecnocracia, cada vez mais firme no Planalto, quer transformar a
Previdência Social em apenas números, como se assim pudessem ocultar os
acidentes do trabalho que continuam ocorrendo e as condições laborais que
exigem as aposentadorias especiais”, afirmou o advogado previdenciário Sérgio
Pardal Freudenthal, que assessora sindicatos de trabalhadores no Estado de São
Paulo.
Ele
afirmou que o desmonte representa um “grave desprezo pelo Seguro Social
construído em um século”. Para o advogado, a integração da Previdência
com o Ministério do Trabalho, como estava conformado no governo da presidenta
Dilma Rousseff, garantia os benefícios, quando necessários, e também assegurava
as fiscalizações sobre as condições de trabalho. “São projetos políticos opostos.
Agora não tem com quem conversar e nem o que discutir”, observou.
Privatização
da previdência
“Ele
(Temer) está jogando pra sentir o clima. Se não tiver resistência, ele vai
privatizar. Quer deixar o pobre na miséria e quem puder paga a sua aposentadoria.
Está jogando com a memória curta do brasileiro”, declarou Pascoal Carneiro,
diretor de Previdência e Aposentados da Central de Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Segundo
o dirigente, o governo quer favorecer os fundos de pensão privados, gerenciados
por bancos. Ele argumentou também que manter a arrecadação no ministério da
Fazenda é garantir ao governo golpista o direito de utilizar a receita
para outros fins que não sejam os de garantir os benefícios para o trabalhador.
“Está
sendo preparada uma DRU (Desvinculação de Receitas Orçamentárias) para ser
encaminhada ao Congresso alegando o déficit no orçamento. O governo quer 30%
pra gastar como quiser e nestes 30% estão as receitas da previdência”, alertou
Pascoal.
Mobilização
Ele
ressaltou a importância dos atos realizados nesta terça-feira e da formação da
Frente Parlamentar como fundamentais para barrar projetos no Congresso, com o
objetivo de enfraquecer o sistema previdenciário.
Pascoal
lembrou que diante dos protestos, o governo Temer adiou o anúncio de uma
proposta de reforma da previdência, que ficou prevista para ser divulgada em
setembro. “Ele viu que vai ter resistência e que a reforma não virá de forma
assim tão fácil”.
Sérgio
concorda com Pascoal e vê o fortalecimento das mobilizações como combate ao
desmonte da previdência. “Quem tinha chance de privatizar e tentou foi o
Fernando Collor. Apresentou um projeto que não foi pra frente. Depois
conseguimos consolidar o sistema que temos hoje. Não vamos permitir a morte
política desse sistema”, completou.
FONTE:
www.vermelho.org.br
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