Muitos podem
questionar porque a nossa medalhista de ouro no judô Rafaela Silva expressou
seu apoio à presidenta Dilma. Certamente, estarão criticando a mistura entre
política e esporte. Mas, foram justamente as políticas públicas para o esporte
dos governos Lula e Dilma que permitiram uma menina negra, pobre e da Cidade de
Deus, periferia do Rio de Janeiro, chegar ao ponto mais alto do esporte
olímpico.
Por Claudio Santos
Mota*
Agora, mais do que
antes, Rafa será espelho e exemplo para as crianças de sua comunidade e de todo
o País, que têm a mesma origem e lutam para sobreviver a cada dia. Elas serão
estimuladas a acreditarem que é possível realizar sonhos, mesmo vivendo na
periferia.
Para chegar aonde
chegou, Rafaela tem a ajuda do bolsa-atleta. Por isso, gravou o vídeo em 2014,
expressando seu apoio à reeleição de Dilma. Segundo ela, o governo incentivou o
apoio aos atletas e o bolsa-atleta fez muita diferença “para a gente buscar
nossos sonhos". E pensar que ela quase desistiu, após sofrer ataques
racistas quando perdeu a disputa pelo ouro nos jogos de Londres (2012).
Duas Campeãs, dois
Brasis
Podemos ver duas
Rafas. A campeã da vida, uma menina negra e pobre, fruto de um Brasil desigual,
sempre governado por elites que nunca se preocuparam em reduzir o abismo entre
pessoas, sejam pela classe ou pela cor. A Rafaela mulher, negra, campeã mundial
e olímpica, é fruto de um País que tem pessoas como o ex-judoca Flávio Canto e
Geraldo Bernardes, com projetos sociais para fazer do esporte um caminho
grandioso para milhares de crianças pobres.
Rafa campeã é também
fruto de um Brasil que aposta em políticas públicas para incluir quem mais
precisa nas universidades, com mais unidades (foram 18 novas instituições em 13
anos) e programas como ProUni e Fies; no esporte de alto rendimento, com programas
como o bolsa-atleta; e no mercado de trabalho, com programas como o Pronatec e
mais escolas técnicas, hoje Ifba (foram 282 novas unidades espalhadas pelo
Brasil).
A vitória de Rafaela
tem um simbolismo importante na construção de uma sociedade melhor, mais humana
e mais justa socialmente. E também no nosso inconsciente coletivo. Seguramente,
aquelas pessoas que estavam assistindo pela TV ficaram um pouco mais felizes
com a vitória do nosso ouro negro.
Quando um atleta
ganha um título ou uma medalha de ouro, um País inteiro se sente campeão.
Investir no esporte - e também na cultura - é um caminho promissor para levar
qualquer Nação longe. São duas áreas que envolvem sempre muitas pessoas,
especialmente crianças e jovens.
*Cláudio Mota é
jornalista, publicitário, responsável pelo blog Axé com Dendê (Salvador)
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