quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Delator de incêndio em sindicato da construção em São Caetano/SP quebra o silêncio

Donizetti de Souza

A situação do presidente destituído do Sindicato da Construção Civil de São Caetano do Sul se complica com denúncia feita por seu ex-amigo, a quem havia arregimentado para colocar fogo na entidade e incriminar demais membros da diretoria.
O sindicalismo no Grande ABC anda em polvorosa, principalmente no ramo da construção civil, com problemas em duas das principais entidades da região: São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul.
Depois de denúncias feitas por integrantes da diretoria da entidade de São Caetano do Sul , Edson Luiz Bernardes acabou destituído em assembleia realizada na porta da entidade, mas tem resistido a deixar o cargo. A justiça analisa pedidos de liminar.
Jorge Luiz da Silveira, que já teve vida muito ativa na fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e na Central Única dos Trabalhadores (CUT), ajuda a desnudar um mundo oculto que envolve o sindicalismo na região e pode servir de ponta de lança para que se faça uma devassa nessas entidades por conta de má utilização do dinheiro, como provado e comprovado na entidade em São Caetano do Sul (notas fiscais de consertos e compras de pneus para veículos, pagamento de prestação de financiamento de veículo novo da tesoureira da entidade e outros documentos estão em poder do GAECO), o detalhe é que o sindicato não tem um único veículo.
Segundo o Sr. Jorge Luiz Silveira, depois do movimento de dissidência na entidade,  ele recebeu ligação do presidente Edison Luiz Bernardes para uma conversa que o assustou. Segundo contou à nossa reportagem e em entrevista á Rádio ABC, sua missão era atrair a diretoria para que procurassem documentos no sindicato Solidariedade enquanto espalharia gasolina e atearia fogo na sede do sindicato (aliás, o prédio está em reforma a cerca de nove anos e sem previsão para término).
Ainda segundo Sr. Jorge, Edson Luiz Bernardes teria destacado que, além de incriminar a diretoria dissidente, o incêndio eliminaria muitos documentos que comprometeriam a entidade que teria feito inúmeras doações às campanhas do PT.
Outra tarefa que Edson Luiz Bernardes queria que Sr. Jorge cumprisse era a de colocar cocaína no carro dos membros dos colegas de diretoria para incriminá-los. Todas essas informações reveladas à imprensa já foram prestadas também ao GAECO  (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado), que já está no caso. Segundo consta, em breve, inúmeros mandatos de busca e apreensão deverão ser cumpridos. A quebra do sigilo bancário do presidente destituído e de sua tesoureira Tatiane Pereira já foi autorizada pela Justiça.
Ainda segundo Jorge, o envolvimento do presidente Edison Luiz Bernardes com Tatiane Pereira se iniciou quando ela era estudante do curso de computação oferecido pela entidade. Segundo consta, Edison teria se encantado com a moça e logo depois desenvolveu um concurso interno para contratar um dos estudantes para trabalhar na entidade: “As cartas estavam marcadas para Tatiane Pereira,” destacou Jorge.
CUT
Os membros dissidentes da diretoria: Tiago Soncini, André da Silva Noffs (Alemão) , Fabiano Gomes Duarte e Evanilson Alves Pereira informam que o presidente da CUT São Paulo, Adi Silva, já tem conhecimento de todo o caso e aguardam uma providência da entidade sobre o assunto.
Nesse ponto, vale lembrar que a CUT-São Paulo também recebeu documento subscrito por nove sindicatos da categoria sobre o divisionismo na categoria, provocado pelo Sr. Admilson Lucio Oliveira, e até o momento não se pronunciou sobre o assunto, limitou-se a formar uma Comissão que sequer deu um parecer sobre o caso.
Amigo de Edison Luiz Bernardes desde a infância, destaca que atravessaram juntos as greve do ABC em 1978. No sindicato destaca ainda que o então presidente não se cansava de dizer para Tatiane Pereira, inclusive na frente de colegas: “Você manda em quem manda”.
Em São Bernardo do Campo
Os caminhos da entidade de São Caetano se cruzam com os caminhos da entidade em São Bernardo do Campo na pessoa de Admilson Lucio Oliveira, atual presidente (também contestado na justiça).
Uma gravação feita e também – em poder do GAECO – revela a conversa de Admilson Lucio Oliveira com membros da diretoria dissidente, tentando dissuadi-los de suas intenções.
A certa altura, em clara tentativa de intimidação, Admilson fala em alto e bom som, que “quando o chicote estrala um corre outro corre”, e relata também a sua experiência na entidade, destaca que a vitória nas eleições do Sintracon-SBC, em 2011, foi graças aos R$ 600 mil que teria tirado da CNTIC – Confederação nacional dos Trabalhadores da Construção Civil, presidida por ele, e que está sob judice.
Admilson Lucio Oliveira
O presidente do Sintracon-SBC, Admilson Lucio Oliveira é genro de José Albino, Secretário de governo do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho do PT. Também já foi lotado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo no gabinete da deputada estadual Ana do Carmo do PT, e segundo membros de sua diretoria (nomes omitidos por motivos óbvios) se orgulha de falar de suas relações de poder.
Atualmente tem destacado em seletas rodas que em 2014 será candidato a deputado federal e já tem feito investidas sobre lideranças que estão trabalhando atualmente com a ex-chefe Ana do Carmo.
Luiz Marinho
Segundo comentários de bastidores o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho do PT que foi um dos articulares da fundação da CNTIC – Confederação Nacional dos Trabalhadores da Construção Civil acompanha o desenrolar dos acontecimentos com cautela e preocupação e já teria ligado para outros membros do partido em São Caetano e membros da entidade para que pressionem Edison Luiz Bernardes a deixar definitivamente a entidade.
Assim, ao invés de ter conseguido colocar fogo na sede da entidade em São Caetano quem pode acabar “torrado” dentro do PT e do movimento sindical é Edison Luiz Bernardes.

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Fonte: Radio ABC

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