João Guilherme Vargas Netto*
Estes porta-vozes dos rentistas são mesmo de morte!
Aproveitando-se do barata-voa na economia e da desorientação que tem campeado na política eles tentam pressionar o governo, agitando sempre o espantalho da inflação, para voltarem a ter seu predomínio reafirmado.
A bola da vez é a legislação que garante o reajuste do salário mínimo, acusada de dificultar a luta contra a inflação.
O argumento deles responsabiliza o reajuste do salário mínimo por pressionar a inflação devido à indexação, ou seja, por corrigir automaticamente o salário mínimo levando em conta a inflação do ano que passou e o aumento do PIB de dois anos passados.
Aquilo que para nós é justiça social histórica e grande conquista das centrais sindicais unidas que negociaram com o governo transforma-se, na retórica rentista, em grave estímulo inflacionista.
É óbvio que somos todos e, em primeiro lugar, os trabalhadores, contra a inflação.
Mas o que os rentistas querem, na verdade, é eliminar os ganhos reais do salário mínimo que, de 2003 a hoje, chegam a 70,49%, garantindo, no fundamental, a principal âncora social da política econômica que distribui renda e é antídoto à crise.
O movimento sindical tem se manifestado contra a indexação e o automatismo do reajuste das tarifas (por exemplo, dos planos de saúde privados) ou dos aluguéis, até mesmo porque tem negociado salários com ganhos reais sem ela. No entanto, reconhece a necessidade de se garantir a fórmula que corrige o salário mínimo não só pelo aspecto de justiça social histórica como também pelo seu imenso papel positivo, já demonstrado, na economia para ampliar o mercado interno e enfrentar a crise.
Senhores rentistas e seus porta-vozes (mesmo os alojados no governo), devagar com o andor, não porque o santo é de barro, mas porque a procissão é enorme, são os 45 milhões de brasileiros diretamente interessados no aumento do salário mínimo.
(*) Membro do corpo técnico do Diap, é consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo.
Fonte: Diap
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