terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

GREVE DA CONSTRUÇÃO CIVIL DA BAHIA

"Retransmito máteria publicada no portal da CTB (www.portalctb.org.br) falando sobre a greve dos operários da Construção Civil na Bahia"


Por: Pascoal Carneiro
No último dia 9 de fevereiro, a nova diretoria do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção (Sintracom-BA) tomou posse em uma  grande festa com muitas personalidades presentes e uma multidão de operários da base do sindicato.

O discurso de posse do presidente, eleito democraticamente pelos associados do sindicato, Jose Ribeiro, chamou atenção de todos presentes. Ele fez um relato de toda trajetória de luta no sindicato, da diretoria que encerrava o mandato e convocou os operários para uma greve já no dia 10, ou seja, a nova diretoria tomou posse e imediatamente foi para os canteiros de obras.

Deu-se início, no primeiro dia de mandato, a um grande movimento paredista com paralisação nas empresas Alphaville, Le Parc e Manhattan; nas obras das empresas Sertenge, na Rua Gratidão, em Piatã; nas obras da NM, prédio Tecnocentro, avenida Luiz Viana Filho, Paralela, no condomínio Villagio Panamby, Horto Florestal, obra da Odebrecht; e Elegance Garibaldi Condomínio Clube, na Avenida Garibaldi, Rio Vermelho, no canteiro de obras da construtora Bueno Neto, atrás do supermercado Extra, avenida Paralela, e da empresa RJ, no Imbuí.

Os empresários lançam mão de todo tipo de manobra para acabar com a greve, como fofocas mentiras chantagens. Em vão. Os trabalhadores se mantêm firmes.

Como todos sabem e é divulgado diariamente na mídia, o mercado da construção está em alta e os empresários  ganham lucros imensos, com excelentes perspectivas para 2011. Mas não querem atender às reivindicações dos operários, que trabalham pesado, todos os dias, de sol a sol.

Para o novo presidente do SINTRACOM-BA, José Ribeiro, o movimento grevista atinge mais de 90% dos canteiros de obra de Salvador. Um movimento vitorioso, pois os trabalhadores aderiram à greve maciçamente, por onde os sindicalistas passaram.  Em todas as grandes construções da cidade, ninguém entrou para trabalhar. Se alguém trabalhou, foram em obras pequenas e escondidas em bairros distantes. Mas o objetivo, de acordo com José Ribeiro, é chegar a todos os canteiros.

O primeiro dia de paralisação foi bastante agitado. Logo no início da manhã, eles saíram em caminhada da construtora Le Parc e Manhattan, da Avenida Paralela, onde há muitos prédios em construção, foram até a rótula do Abacaxi e depois seguiram até o Campo Grande, no Centro. Por volta da 11h, percorreram a av. Sete de Setembro até o Largo de São Bento, onde fizeram uma nova assembleia na qual decidiram manter a greve por tempo indeterminado.
Os patrões estão apostando no esvaziamento da greve. Contrataram vários agentes patronais e distribuíram entre os trabalhadores, para provocar e disseminar mentiras na tentativa de dividir o movimento. O negociador que é um profissional que treina para, sem representatividade alguma, estar ali só para ganhar o valor acertado com os patrões.

Mesmo com a greve forte atingindo todos os setores da indústria da construção civil, os negociadores patronais marcaram a próxima reunião para próximo dia 17, com uma frieza incomum, como se nada estivesse acontecendo.

Mas os trabalhadores não têm pressa. Estão dispostos a continuar em greve por tempo indeterminado e até um acordo, vão continuar mobilizados e com as atividades paralisadas.

Em reunião realizada no sindicato, na sexta-feira (11), com a participação de grevistas de todos os canteiros de obras, a diretoria decidiu que na segunda-feira os operários das obras que estão paralisadas vão se dividir em equipes para buscar paralisar os pequenos canteiros que ainda estão trabalhando. A meta é atingir 100% de toda categoria e fazer um arrastão em todas as empresas.

Os trabalhadores reivindicam um reajuste salarial de 18,7%; qualificação profissional; contrato de experiência com limite máximo de 30 dias; reconhecimento de novas funções; quando houver programação de horas extras o lanche ou o jantar devem ser fornecidos no início da primeira hora, para quem faz a partir de duas horas extras, após as 17 horas; garantia de estabilidade com o cumprimento das leis relacionadas às trabalhadoras gestantes; depósito da quantia líquida da rescisão dentro do prazo estabelecido no artigo 477 da CLT e se a homologação não ocorrer até o segundo dia posterior ao depósito, a empresa pagará multa correspondente; além da garantia dos direitos já adquiridos e que constam da Convenção Coletiva.


Pascoal Carneiro é Secretário Geral da CTB - Central dos Trabalhadores e Trabalhadora do Brasil.

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