A
aprovação do Projeto de Lei (PL) 4.330/2004, que regulamenta a terceirização no
Brasil, terá “efeito avassalador” nas conquistas dos trabalhadores e reduzirá a
renda em até 30%, disse ontem (18) o ministro do Tribunal Superior do Trabalho
(TST) Mauricio Godinho Delgado.
Em
comissão geral para debater o projeto no plenário da Câmara dos Deputados,
Delgado ressaltou que a saúde dos trabalhadores poderá ficar em risco com a
massificação da terceirização de serviços. O ministro destacou a necessidade de
regulamentar o trabalho terceirizado, mas de forma a restringir esse tipo de
contratação. A proposta em debate estimula a terceirização, disse
ele.
“O
projeto, claramente, generaliza a terceirização. Na concepção de 19 dos
ministros do TST, que têm, cada um, 25 anos, no mínimo, de experiência no exame
de processos, o projeto generaliza, sim, a terceirização trabalhista no país. Em
vez de regular e restringir a terceirização, lamentavelmente, o projeto torna-a
um procedimento de contratação e gestão trabalhista praticamente universal no
país.”
Para
o ministro, o aumento desse tipo de contratação provocará o rebaixamento da
renda do trabalho em cerca de 20% a 30% de imediato, "o que seria um mal
absolutamente impressionante na economia e na sociedade brasileira." Além disso,
ao se generalizar a terceirização, acrescentou, as categorias profissionais
tenderão a desaparecer no país, porque todas as empresas, naturalmente, vão
terceirizar suas atividades. E o desaparecimento das categorias profissionais
terá um efeito avassalador sobre as conquistas históricas.”
Para o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, a regulamentação do trabalho terceirizado resultará em mão de obra mais precária. “A UGT é a favor de se aprimorar [o projeto], mas é preciso ser extirpado aquele item que permite que todos os trabalhadores sejam terceirizados. Nos Estados Unidos, a atividade de TI [tecnologia da informação] tem muitos indianos terceirizados, que recebem um décimo do que ganha o americano. É o que vai acontecer no Brasil”, afirmou.
Antes
de discutir a regulamentação da terceirização, ressaltou Patah, é preciso
debater a Convenção 158 [da Organização Internacional do Trabalho, que trata da
dispensa arbitrária], a redução da jornada e o crescimento econômico do Brasil.
“Por que nós temos sempre que debater e discutir o que é ruim para a classe
trabalhadora?”, questionou.
Ex-ministro
do Trabalho, o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), considerou o projeto de lei
inconstitucional. “Não há nada que se acrescentar à lei para respeitar a CLT
[Consolidação das Leis do Trabalho] e a Constituição. O que se está propondo, na
verdade, é legalizar a interposição fraudulenta de mão de obra, prática de
setores empresariais irresponsáveis, que não têm compromisso com este país”,
disse Berzoini.
A
comissão geral foi convocada para debater o projeto depois de sucessivos
cancelamentos de votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) devido a
manifestações favoráveis e contrárias à proposta.
Fonte:
Agência Brasil, 19 de setembro de 2013
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