A maior parte da população que vive em favelas no Brasil ascendeu à classe média. Dados da pesquisa "As favelas brasileiras, um mercado de R$ 56 bilhões" que está sendo divulgada hoje pelo Data Favela, mostram que em 2011 65% dos moradores das comunidades pertenciam à classe média. Em 2002 o percentual era de 37%.
A reportagem é de Paola Moura e publicada pelo jornal Valor, 20-02-2013.
No país, no mesmo período, a classe média saiu de 38% para 52% da população. "Houve claramente nas comunidades uma expansão maior dessa faixa de renda em comparação ao resto do país", aponta o sócio-diretor do instituto, Renato Meirelles.
O levantamento, realizado com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (IBGE), aponta que 12 milhões de pessoas vivem em comunidades no país. Esse número representaria o quinto maior Estado brasileiro, na frente do Rio Grande do Sul, que segundo o IBGE tem 10 milhões de habitantes. De acordo com o instituto, o Estado mais populoso do país é São Paulo, seguido por Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia.
Juntos, os moradores das comunidades recebem uma renda de R$ 56,1 bilhões por ano. O volume é comparável ao Produto Interno Bruto (PIB) da Bolívia (US$ 24,4 bilhões, cerca de R$ 48,8 bilhões). "É um mercado gigantesco concentrado nas grandes cidades. Hoje, as empresas estão indo para o Interior, mas têm debaixo dos seus olhos um enorme mercado consumidor inexplorado", lembra Renato Meirelles. "O crescimento da classe média deu-se, principalmente, devido à redução da pobreza extrema, que, nesse caso foi impulsionada pelo emprego e pelo empreendedorismo", analisa o diretor do Data Favela.
Apesar de ser a região Norte aquela que possui proporcionalmente a maior parte da população vivendo em favelas, mais de 10%, é na região Sudeste onde está a maior concentração, mais de 500 mil moradores. "Historicamente é na região Norte onde está a maior pobreza do país, principalmente por falta de saneamento e infraestrutura. Mas também é na região Sudeste onde há a maior concentração de moradores em favelas."
O aumento de renda trouxe outro efeito: o percentual de pessoas que se declaram negras nas favelas aumentou de 61% em 2002 para 67% em 2011. "O crescimento da renda melhora a autoestima das pessoas e, com isso, elas se declaram negras com mais orgulho ao serem pesquisadas pelo IBGE", revela Meireles.
A ampliação da renda também leva a outro efeito populacional, a redução do número de filhos. A distribuição etária nas comunidades vêm se alterando. O número de jovens até 14 anos caiu de 31% para 26%, enquanto o de pessoas entre 35 e 59 anos cresceu de 27% para 31%, entre os anos de 2002 e 2013.
Para fazer a pesquisa, o Data Favela utilizou a definição de comunidade do IBGE: um aglomerado subanormal. "Isso inclui por exemplo as favelas, comunidades carentes, mas não inclui bairros mais pobres, como Madureira no Rio, por exemplo." Já para classe média, o instituto utilizou a definição da Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo federal, que define as família com renda média entre R$ 1.000 e R$ 4.000 como pertencentes a essa classe.
Fonte: Valor Econômico
No país, no mesmo período, a classe média saiu de 38% para 52% da população. "Houve claramente nas comunidades uma expansão maior dessa faixa de renda em comparação ao resto do país", aponta o sócio-diretor do instituto, Renato Meirelles.
O levantamento, realizado com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (IBGE), aponta que 12 milhões de pessoas vivem em comunidades no país. Esse número representaria o quinto maior Estado brasileiro, na frente do Rio Grande do Sul, que segundo o IBGE tem 10 milhões de habitantes. De acordo com o instituto, o Estado mais populoso do país é São Paulo, seguido por Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia.
Juntos, os moradores das comunidades recebem uma renda de R$ 56,1 bilhões por ano. O volume é comparável ao Produto Interno Bruto (PIB) da Bolívia (US$ 24,4 bilhões, cerca de R$ 48,8 bilhões). "É um mercado gigantesco concentrado nas grandes cidades. Hoje, as empresas estão indo para o Interior, mas têm debaixo dos seus olhos um enorme mercado consumidor inexplorado", lembra Renato Meirelles. "O crescimento da classe média deu-se, principalmente, devido à redução da pobreza extrema, que, nesse caso foi impulsionada pelo emprego e pelo empreendedorismo", analisa o diretor do Data Favela.
Apesar de ser a região Norte aquela que possui proporcionalmente a maior parte da população vivendo em favelas, mais de 10%, é na região Sudeste onde está a maior concentração, mais de 500 mil moradores. "Historicamente é na região Norte onde está a maior pobreza do país, principalmente por falta de saneamento e infraestrutura. Mas também é na região Sudeste onde há a maior concentração de moradores em favelas."
O aumento de renda trouxe outro efeito: o percentual de pessoas que se declaram negras nas favelas aumentou de 61% em 2002 para 67% em 2011. "O crescimento da renda melhora a autoestima das pessoas e, com isso, elas se declaram negras com mais orgulho ao serem pesquisadas pelo IBGE", revela Meireles.
A ampliação da renda também leva a outro efeito populacional, a redução do número de filhos. A distribuição etária nas comunidades vêm se alterando. O número de jovens até 14 anos caiu de 31% para 26%, enquanto o de pessoas entre 35 e 59 anos cresceu de 27% para 31%, entre os anos de 2002 e 2013.
Para fazer a pesquisa, o Data Favela utilizou a definição de comunidade do IBGE: um aglomerado subanormal. "Isso inclui por exemplo as favelas, comunidades carentes, mas não inclui bairros mais pobres, como Madureira no Rio, por exemplo." Já para classe média, o instituto utilizou a definição da Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo federal, que define as família com renda média entre R$ 1.000 e R$ 4.000 como pertencentes a essa classe.
Fonte: Valor Econômico
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