Meus amigos e minhas amigas!
É carnaval e aproveito estes dias para renovar as energias e voltar na quarta-feira de cinzas com novas publicações de interesse da classe trabalhora com foco nos acontecimentos no setor da indústria da construção e do mobiliário. Vou a Goiânia porque para Salvador ficou muito caro neste momento.
Desejo a todos um bom carnaval e brinque em PAZ, vale lembrá-los que "o melhor da festa é voltar para casa", porisso, seja moderado. Se dirigir não beba, namore curta, mas não esqueça a camisinha.
Abeixo, publico uma materia do professor Ricardo Moreno, sobre o que é o carnaval. Boa leitura e até quarta-feira.
Miraldo Vieira
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Já é carnaval, cidade. Acorda prá ver!
Vai começar a folia! A maior festa de rua do mundo tem uma capacidade incrível de se reinventar, sempre! Assim tem sido desde as suas origens. Nasceu com os Gregos, uma festa considerada herege, popular e de rua, e depois de adotado pelo calendário da Igreja Católica, como sendo o inicio da quaresma, se espalhou pela Europa. Trazido para o Brasil pelos portug...ueses, no século XIX se popularizou. E com uma serie de proibições dadas aos pretos, criou-se uma separação entre a rua e os bailes fechados, somente para os brancos. Os pretos então reinventaram a forma de fazer a festa, e quando a sua energia frenética e contagiante tornou-se irresistível, a fuzarca retornou para o asfalto.
Ao longo dos tempos este vai e vem, entre rua e espaço fechado, se repete! Até a década de setenta os brancos dominavam os desfiles em Salvador. Criaram o conceito de “bloco de gente bonita” para segregar o desfile. Daí os pretos subiram a ladeira do Curuzu liberdade e gritaram: “a cara prata pintou na cidade” - Era a largada para mais uma inovação estética, ética, cultural, no carnaval. Aí os brancos com sua sede de lucro pegaram aquela explosão de arte e alegria, e industrializaram a matéria, aproveitaram muito da “nova onda” descaracterizaram o seu sentido político e social, para criarem um produto “mastigável a todos”, e deram até um rótulo de Marketing, o “Axé Music”, e assim, o Olodum que um dia ordenava - “mostre as armas, lutar é preciso, a mentira vai ter de morrer”, virou, Hippie, pop, reggae, rock, e pirou de vez!
E junto a este processo de descaracterização conceitual, iniciou-se o reordenamento das ruas. Além de aperfeiçoarem-se o distanciamento espacial entre os que brincam com segurança, dentro das cordas, e os que cada vez mais se espremem fora delas, voltaram com a ideia de separar a senzala da casa grande, foi quando vieram os camarotes. Estes passaram a vender a possibilidade de branquinho se divertir a beça sem se misturar com neguinho, sem aquele suor, e com segurança. Aliás, segurança é como chamam aqueles outros pretos que de tão grandes, são colocados para “protegerem os senhorinhos” que se arriscam ao atravessar a rua até chegar ao acolhimento dos camarotes! Afinal, painho não gostaria de ver filhinho correndo certos riscos! – e lá dentro, quase somente os brancos brincam na sua maneira bestial e passiva! Em um desfile de esbanjamento e superficialidade! Temos até a impressão que eles invejam e até gostariam de ter a coragem dos pretos, nessa hora!
E no rastro de que tudo vira mercadoria, e que toda mercadoria vira fetiche, aí os profetas da fase futura ensaiam o que gostariam que viesse! Até vieram propor a total privatização das ruas, pois já há quem defenda que se fechem estas, e que cada uma fique a mercê de uma das bandas, que representam o cartel da diversão, para que possa cobrar ingressos. Mas enquanto este sonho não se concretiza, eles vão se contentando com os camarotes mesmo. As ditas bandas, que monopolizam os esquemas empresariais da festa, começam a se deslocarem para lá, e avisam ser esta uma nova tendência!
Que bom! Pois aí, voltam a gritar os pretos! Com toda a sua cultura, tradição, força! Pois que os burgueses voltem a se trancar na casa grande, e devolvam as ruas aos pretos! – que levem com eles a sua indústria e toda a sua futilidade! Que quando o prefeito sentar para discutir os próximos carnavais, apenas com os empresários, que trate dos assuntos pertinentes a estes, em seus ambientes segregados. E que o asfalto seja mais uma vez administrado pelo povo!
Assim é o nosso carnaval! O espaço mais democrático, e ao mesmo tempo o mais descaradamente segregado do mundo! Eu amo esta luta de contraditórios e suas manifestações! Pois no meio deste mosaico frenético, há uma sedução irresistível. Afinal, é “ carnaval na Bahia, oitava maravilha! Nunca irei te deixar. Meu amor! - Eu vou atrás do trio elétrico vou! Curtindo minha baianidde nagô!"
Vai começar a folia! A maior festa de rua do mundo tem uma capacidade incrível de se reinventar, sempre! Assim tem sido desde as suas origens. Nasceu com os Gregos, uma festa considerada herege, popular e de rua, e depois de adotado pelo calendário da Igreja Católica, como sendo o inicio da quaresma, se espalhou pela Europa. Trazido para o Brasil pelos portug...ueses, no século XIX se popularizou. E com uma serie de proibições dadas aos pretos, criou-se uma separação entre a rua e os bailes fechados, somente para os brancos. Os pretos então reinventaram a forma de fazer a festa, e quando a sua energia frenética e contagiante tornou-se irresistível, a fuzarca retornou para o asfalto.
Ao longo dos tempos este vai e vem, entre rua e espaço fechado, se repete! Até a década de setenta os brancos dominavam os desfiles em Salvador. Criaram o conceito de “bloco de gente bonita” para segregar o desfile. Daí os pretos subiram a ladeira do Curuzu liberdade e gritaram: “a cara prata pintou na cidade” - Era a largada para mais uma inovação estética, ética, cultural, no carnaval. Aí os brancos com sua sede de lucro pegaram aquela explosão de arte e alegria, e industrializaram a matéria, aproveitaram muito da “nova onda” descaracterizaram o seu sentido político e social, para criarem um produto “mastigável a todos”, e deram até um rótulo de Marketing, o “Axé Music”, e assim, o Olodum que um dia ordenava - “mostre as armas, lutar é preciso, a mentira vai ter de morrer”, virou, Hippie, pop, reggae, rock, e pirou de vez!
E junto a este processo de descaracterização conceitual, iniciou-se o reordenamento das ruas. Além de aperfeiçoarem-se o distanciamento espacial entre os que brincam com segurança, dentro das cordas, e os que cada vez mais se espremem fora delas, voltaram com a ideia de separar a senzala da casa grande, foi quando vieram os camarotes. Estes passaram a vender a possibilidade de branquinho se divertir a beça sem se misturar com neguinho, sem aquele suor, e com segurança. Aliás, segurança é como chamam aqueles outros pretos que de tão grandes, são colocados para “protegerem os senhorinhos” que se arriscam ao atravessar a rua até chegar ao acolhimento dos camarotes! Afinal, painho não gostaria de ver filhinho correndo certos riscos! – e lá dentro, quase somente os brancos brincam na sua maneira bestial e passiva! Em um desfile de esbanjamento e superficialidade! Temos até a impressão que eles invejam e até gostariam de ter a coragem dos pretos, nessa hora!
E no rastro de que tudo vira mercadoria, e que toda mercadoria vira fetiche, aí os profetas da fase futura ensaiam o que gostariam que viesse! Até vieram propor a total privatização das ruas, pois já há quem defenda que se fechem estas, e que cada uma fique a mercê de uma das bandas, que representam o cartel da diversão, para que possa cobrar ingressos. Mas enquanto este sonho não se concretiza, eles vão se contentando com os camarotes mesmo. As ditas bandas, que monopolizam os esquemas empresariais da festa, começam a se deslocarem para lá, e avisam ser esta uma nova tendência!
Que bom! Pois aí, voltam a gritar os pretos! Com toda a sua cultura, tradição, força! Pois que os burgueses voltem a se trancar na casa grande, e devolvam as ruas aos pretos! – que levem com eles a sua indústria e toda a sua futilidade! Que quando o prefeito sentar para discutir os próximos carnavais, apenas com os empresários, que trate dos assuntos pertinentes a estes, em seus ambientes segregados. E que o asfalto seja mais uma vez administrado pelo povo!
Assim é o nosso carnaval! O espaço mais democrático, e ao mesmo tempo o mais descaradamente segregado do mundo! Eu amo esta luta de contraditórios e suas manifestações! Pois no meio deste mosaico frenético, há uma sedução irresistível. Afinal, é “ carnaval na Bahia, oitava maravilha! Nunca irei te deixar. Meu amor! - Eu vou atrás do trio elétrico vou! Curtindo minha baianidde nagô!"
Ricardo Moreno
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