quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Mercado de trabalho fica menos desigual

O mercado de trabalho ficou mais democrático e mais escolarizado entre 2003 e 2012. É o que mostra um relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Apesar de persistirem desigualdades, há maior presença de negros, mulheres e de pessoas com mais de 50 anos de idade.
Em 2003, os negros representavam 41% da população ocupada. E passaram a 46,1% em 2012. A remuneração deles cresceu bastante nesses dez anos, mas ainda é bem inferior à dos brancos. No primeiro ano da série do IBGE, recebiam menos da metade (48,4%) da renda dos brancos. Em 2012, a remuneração dos negros subiu para 56,1% na mesma comparação.
Outro ponto que chama atenção no levantamento é que aumentou a participação dos mais velhos na população ocupada. O bolo formado por aqueles que têm mais de 50 anos saltou de 16,7% para 22,5% de 2003 a 2012, segundo o IBGE. Todas as outras faixas de idade tiveram redução na participação, destaque para a de 18 a 24 anos, que representava 16,8% da população ocupada e agora representa 13,7%.
As mulheres representavam 43% da população ocupada no País em 2003. Já, no ano passado, esta participação havia aumentado para 45,6%.
De forma geral, o mercado de trabalho brasileiro está mais escolarizado, conforme mostra o IBGE. Os que não tinham instrução alguma ou menos de um ano de estudo eram 3% em 2003 e passaram a 1,14% dez anos depois. Na outra ponta, os com 11 anos ou mais de estudo, ou seja, com no mínimo o ensino médio saíram de 46,7% para 62,2%.
O emprego formal na iniciativa privada cresceu quase dez pontos porcentuais no período. Subiu de 39,7% para 49,2%. Os que trabalham sem carteira assinada caíram de 15,5% para 10,6%. Também houve redução na parcela que trabalha por contra própria, de 20% para 17,8%. Os contribuintes para a Previdência Social eram 61,2% e agora são 72,8%.
A pesquisa do IBGE é feita em seis regiões metropolitanas do País e inclui trabalhadores com e sem carteira assinada no setor privado, servidores públicos, pessoas que trabalham por contra própria e empregadores.
"O fenômeno da globalização, de certa forma, tem forçado o investimento do País para a escolarização. Há um movimento recente que vai além, estimulando a profissionalização nos níveis prioritários", afirma a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), no Paraná, Daviane Chemin.
Ela ressalta que a própria dinâmica da economia promoveu o acesso aos bens de consumo a novas classes sociais. "Assim, novas frentes de trabalho se abrem, provocando o surgimento de profissões chamadas empregos da nova economia", explica.
Segundo Daviane, o aumento da expectativa de vida também reflete nas empresas. "Pela competitividade crescente, elas precisam de profissionais com maior experiência para lidar com tamanha complexidade. Dizer hoje que um profissional de 50 anos resiste às mudanças não retrata mais a realidade organizacional, estando eles, muitas vezes, no auge de sua capacidade produtiva", analisa.
De acordo com ela, os dados mostram que há maior valorização de classes que "historicamente foram deixadas à margem". "Mas ainda estamos numa primeira fase, chamada inclusiva, e, de forma tímida, caminhamos para a igualdade de oportunidades", destaca.
A promotora de vendas Sílvia Helena Pereira acredita que nunca recebeu salário inferior ao de colegas brancas que exercem a mesma função que ela. Segundo a promotora, o preconceito em relação aos negros vem diminuindo no mercado de trabalho. Mas não foi assim quando ela iniciou nesta profissão, há uns 15 anos. "Naquela época, não havia promotoras negras. Eu lembro que, quando comecei, as pessoas no supermercado ficavam olhando para mim", conta.

Fonte: Folha de Londrina, 21 de fevereiro de 2013

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