Em janeiro de 2008, quem procurava imóvel para comprar no Rio pagava, em média, R$ 3.851,18 pelo metro quadrado, segundo dados do FipeZap, que pesquisa os preços dos imóveis anunciados na cidade. Hoje, esse valor gira em R$ 8.636,39. Um salto de 124,2%. No caso do aluguel, o aumento foi menor. Mas não menos significativo. Enquanto há cinco anos, a locação média do metro quadrado na cidade custava R$ 23,74 (ou R$ 2.374 para alugar um imóvel de 100 metros quadrados), hoje ela está em R$ 39,21 (ou R$ 3.921 pelo mesmo apartamento de 100 metros quadrados), em alta de 65,2%. Mas e os salários, considerando-se que o governo tem apostado na compra da casa própria como um instrumento de crescimento econômico?
Segundo dados do IBGE, em janeiro de 2008 a renda média do trabalhador da Região Metropolitana do Rio era de R$ 1.519,65. Em janeiro deste ano, esse valor passou para R$ 1.902,80, ou 24,2% a mais. Ou seja, em cinco anos, o metro quadrado do imóvel para compra e venda no Rio subiu quatro vezes mais que a renda média do trabalhador. E o metro quadrado do aluguel, mais do que o dobro. Na prática, isso quer dizer que mesmo com a redução de juros verificada neste período, quem deixou para comprar imóvel agora vai ter uma dificuldade muito maior para financiar.
— Não existe redução de juros capaz de compensar a valorização que os imóveis tiveram nesse período — diz o economista Gilberto Braga, professor do Ibmec. — De 2008 para cá, os juros caíram de 10% a 15%, o que é muito inferior ao aumento do metro quadrado.
A pedido do Morar Bem, Braga fez uma simulação usando os preços médios de um três-quartos no Leblon divulgados pelo Sindicato da Habitação (Secovi-Rio). Enquanto em janeiro de 2008, o imóvel custava R$ 680 mil, hoje ele gira em torno dos R$ 2,5 milhões. Assim, se alguém financiasse este imóvel em 30 anos com juros de 10%, pagaria prestação mensal de R$ 5.761,47, a partir de 2008. Hoje, considerando o novo preço e taxa de 9%, essa prestação seria de R$ 20.083,25 — 248% a mais.
— Em 2008 já se falava em preços proibitivos, mas quem comprou fez o melhor investimento da vida, porque a valorização foi muito superior ao dos ativos financeiros de médio e baixo riscos. O mercado imobiliário explodiu, e o financeiro mergulhou numa crise que ainda faz estragos. Muitos dos que tinham condições e não compraram devem se arrepender, pois não conseguiriam comprar agora — avalia Braga.
Fonte: O Globo (matéria completa)
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