2 de Março de 2013 - 8h33
Dados divulgados nesta sexta-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informaram o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, cresceu apenas 0,9% em 2012, totalizando R$ 4,4 trilhões. Para o presidente da CTB, Wagner Gomes, esse dado é fruto de um tripé nocivo - juros elevados, câmbio flutuante e superávit primário -, que breca o desenvolvimento.
Joanne Mota, do Vermelho em São Paulo
De acordo com especialistas na área, as dificuldades do governo em melhorar a infraestrutura do país, o baixo nível de investimentos privados e más condições externas são os principais fatores que levaram o PIB a crescer somente 0,9%.
Em entrevista ao Vermelho, Wagner Gomes, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), explicou que para reverter esses baixos resultados é preciso medidas que ataquem o centro do problema. "A CTB, bem como as centrais que lutam por uma política econômica diferente da que está aí, entende que uma das questões que precisa ser revista é a questão do superávit primário. Para nós este é o ralo principal por onde escoa o dinheiro que poderia ser investido em infraestrutura, tecnologia, inovação".
Wagner reconhe que o governo tem dado passos significativos no sentido de combater os efeitos da crise e cita a redução dos juros que atingiu patamares históricos. Porém, o dirigente sindical pondera que “a história já provou que o caminho para o desenvolvimento passa por mais investimentos públicos, pela valorização dos trabalhadores, pela ampliação da renda e pela inclusão social. Para atingirmos isso, a CTB defende uma reformulação de questões como os juros elevados, o câmbio flutuante e superávit primário. Isso garantirá um Brasil moderno, competitivo e mais igual. É esse o desenvolvimento que defendemos”.
Mais investimentos em infraestrutura
Em entrevista à imprensa o presidente da Ordem dos Economistas do Brasil, Manuel Enriquez Garcia, explicou que “é difícil dizer é o que deu errado. Eu diria que talvez o principal fator é o que não foi feito. O governo tem muita dificuldade para colocar em prática as obras de infraestrutura”, disse.
No entanto, Manuel, que também é professor de economia da Universidade de São Paulo (USP), ponderou que mesmo com o resultado abaixo do esperado em 2012, é esperado para 2013 um crescimento mais forte, em decorrência de um maior empenho do governo em fazer concessões de portos e aeroportos, por exemplo.
“Estou mais otimista para 2013 porque nos últimos meses temos visto que o governo parece empenhado em fazer as concessões de portos, aeroportos; infraestrutura. Parece que está havendo uma mudança de postura no sentido de aceitar que o mercado, empresas particulares, privadas, possam fazer, junto com governo, uma série de obras de infraestrutura”, destacou.
O crescimento do PIB de 0,9% em 2012 foi sustentado em parte pelo setor de serviços, que registrou expansão de 1,7% no ano. A agropecuária teve queda de 2,3% e a indústria, de 0,8%. Houve crescimento também no consumo das famílias (3,1%) e no do governo (3,2%). No entanto, a formação bruta de capital fixo, que representa os investimentos, caiu 4%. Outro fator apontado pelo economista é que 2013 “encontramos também uma redução do investimento privado ao longo de 2012, comparativamente ao ano anterior, porque os empresários estão com horizontes, expectativas, relativamente pessimistas quanto ao que vai acontecer”.
Investimento privado
Em entrevista à imprensa, o coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Emerson Marçal, destacou que um dos fatores mais significativos para a desaceleração da economia foi as baixas taxas de investimento privado no Brasil. Segundo ele, "tem também um componente importado, já que as exportações brasileiras não estão dando mais o dinamismo que davam no passado, o que foi um corte importante, isso está atrapalhando. Além do investimento privado, que está patinando”.
Marçal frisa que em 2013 a dinâmica da economia brasileira irá mudar, com maior formação de capital fixo e consumo alto. “Este ano deve haver uma trajetória de recuperação do investimento. Não será nada exuberante, mas tem uma trajetória de recuperação do investimento. O consumo das famílias vai continuar indo bem. O consumo estava bem, está bem e provavelmente continuará crescendo em bom ritmo. Com essa recuperação acho que dá para termos PIB um pouco melhor”, disse.
Fonte: Vermelho
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