Valor do m² de imóveis novos em SP saltou de R$ 2,5 mil para R$ 7,2 mil. No mesmo período, renda do assalariado passou de R$ 929 para R$ 1.712.
Em 2008, o administrador de empresas Alexandre Veiga comprou um imóvel no Alto da Lapa, Zona Oeste de São Paulo, por pouco mais de R$ 300 mil. Dois anos mais tarde, transferido pela empresa para o Rio de Janeiro, o profissional vendeu o imóvel por cerca de R$ 440 mil. Em 2012, Veiga voltou a São Paulo e, ao procurar um apartamento na mesma região em que morava, soube que os imóveis em seu antigo prédio estavam sendo vendidos por mais de R$ 600 mil. Atualmente, há um apartamento à venda no prédio em que o executivo vivia por R$ 750 mil.
“Quando fui embora de São Paulo, vendi meu imóvel sabendo que poderia voltar. Mas eu não imaginei quer iria valorizar 40% em apenas um ano e meio”, diz Veiga. Assim que voltou à capital paulista, ele decidiu não comprar porque achou que a alta de preços fosse meramente especulativa.
O caso do administrador de empresas é uma pequena amostra do que ocorreu com o preço dos imóveis em São Paulo – e, de maneira geral, em todo o Brasil. De acordo com dados do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), o preço médio anual do metro quadrado de imóveis residenciais verticais novos em São Paulo saltou de aproximadamente R$ 2,5 mil, em 2002, para R$ 7,2 mil em 2012 – uma variação de quase 200%.
Preço médio anual do m² de imóveis residenciais verticais novos em SP | |
---|---|
2002 | R$ 2,5 mil |
2003 | R$ 2,7 mil |
2004 | R$ 3,1 mil |
2005 | R$ 3,2 mil |
2006 | R$ 3,5 mil |
2007 | R$ 3,2 mil |
2008 | R$ 3,6 mil |
2009 | R$ 3,9 mil |
2010 | R$ 5,2 mil |
2011 | R$ 6,6 mil |
2012 | R$ 7,2 mil |
Fonte: Secovi-SP |
A grande escalada, no entanto, ocorreu principalmente ao longo dos últimos cinco anos. Enquanto a alta do preço médio do metro quadrado de um apartamento novo em São Paulo foi de aproximadamente 31% entre 2002 e 2007, deste mesmo ano em diante a valorização passou dos 124%.
Renda média
O incremento na renda do trabalhador, no entanto, não teve o mesmo crescimento voraz que o preço de imóveis. De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese), a renda média do trabalhador assalariado da Região Metropolitana de São Paulo passou de R$ 929, em 2002, para R$ 1.712, em 2012 – o que representa variação de 84,3%.
O incremento na renda do trabalhador, no entanto, não teve o mesmo crescimento voraz que o preço de imóveis. De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese), a renda média do trabalhador assalariado da Região Metropolitana de São Paulo passou de R$ 929, em 2002, para R$ 1.712, em 2012 – o que representa variação de 84,3%.
Para entender o que isso representa na prática, o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, fez uma simulação, a pedido do G1.
A conclusão é que, para financiar um imóvel de 100 metros quadrados, dando 30% de entrada e partindo do princípio que a prestação só pode comprometer até 30% do salário, a renda mensal do consumidor teria que ter variado de R$ 8.168,07, em 2002, para R$ 23.524,03, dez anos mais tarde (veja detalhes da simulação ao final da reportagem).
Preço dos imóveis
Esta expressiva variação de preços ocorreu em função de uma série de fatores, conforme explica o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci. “O material subiu, a mão de obra subiu, houve retomada de preços, além do próspero crescimento real das famílias”, diz.
Esta expressiva variação de preços ocorreu em função de uma série de fatores, conforme explica o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci. “O material subiu, a mão de obra subiu, houve retomada de preços, além do próspero crescimento real das famílias”, diz.
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O economista reforça que não faltava demanda, ela estava apenas reprimida por problemas como a falta de crédito. Com as taxas de juros baixando, os prazos aumentando e a massa salarial crescendo, o mercado imobiliário – e, consequentemente, o preço dos imóveis – deslancharam.
Para os próximos anos, a expectativa da entidade é que a variação de preços seja “mais comedida” que a verificada, por exemplo, de 2010 para 2011. Neste intervalo, a variação média de preços nominais foi de 27%. Já de 2011 para 2012, a alta foi de 10%. “Acreditamos piamente que estamos chegando a um ponto de equilíbrio”, defende Petrucci.
Inadimplência
A forte alta dos preços na última década, no entanto, não veio acompanhada do aumento da inadimplência no setor. De acordo com o Secovi-SP, com base em dados do Banco Central e da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), a inadimplência recuou de 11,2% em 2003 para 1,8% no ano passado.
A forte alta dos preços na última década, no entanto, não veio acompanhada do aumento da inadimplência no setor. De acordo com o Secovi-SP, com base em dados do Banco Central e da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), a inadimplência recuou de 11,2% em 2003 para 1,8% no ano passado.
Estes dados referem-se a contratos de financiamento com mais de três prestações em atraso, tanto na modalidade de garantia hipotecária quanto de alienação fiduciária.
Simulação
Para fazer a simulação pedida pelo G1, Oliveira, da Anefac, usou o preço médio do metro quadrado divulgado pelo Secovi. No exemplo apresentado, um imóvel de 100 metros quadrados custaria R$ 250 mil, em 2002, e R$ 720 mil, em 2012.
Para fazer a simulação pedida pelo G1, Oliveira, da Anefac, usou o preço médio do metro quadrado divulgado pelo Secovi. No exemplo apresentado, um imóvel de 100 metros quadrados custaria R$ 250 mil, em 2002, e R$ 720 mil, em 2012.
Considerando que o consumidor fizesse um financiamento em 10 anos com recursos da poupança, ele pagaria em 2002 uma taxa de juros de 12% ao ano. Atualmente, esta taxa de juros está, em média, em 11% ao ano.
Em 2002, o consumidor pagaria de entrada o valor de R$ 75 mil – o que corresponde a 30% do valor do imóvel – e financiaria os R$ 175 mil restantes. Isto resultaria em uma prestação mensal de R$ 2.450,42, o que exigiria uma renda de R$ 8.168,07.
Dez anos mais tarde, seguindo a alta das preços, um imóvel de 100 metros quadrados custaria aproximadamente R$ 720 mil. Portanto, para dar 30% de entrada, o consumidor precisaria desembolsar R$ 216 mil. Ao financiar os R$ 504 mil restantes, ele se veria diante de uma prestação mensal de R$ 7.057,21, que só poderia ser assumida com uma renda de R$ 23.524,03.
Fonte: G1
Fonte: G1
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