O resultado é visto como positivo, tendo em vista
que a região manteve 40% da população dentro da classe C. E a participação dos
trabalhadores que dependem de um salário-mínimo dentro deste grupo passou de
9,4%, em 2011 para 8,2% em 2013. Em resumo, mais pessoas que integram essa
classe recebem hoje maior remuneração.
O resultado vai de acordo com a evolução da renda
média familiar dessa classe em 2013, na comparação com 2012. Com crescimento
real de 6,3%, o grupo se destacou na região com o melhor desempenho entre as
demais classes de consumo. A remuneração média dos domicílios passou de R$
2.148 para R$ 2.283.
Os dados são de cruzamento de informações da mais
recente Pesquisa Socioeconômica do Inpes-USCS (Instituto de Pesquisas da
Universidade Municipal de São Caetano) com dados do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística).
Para o gestor do Inpes-USCS, Leandro Prearo, a
redução do número de trabalhadores que recebem um salário-mínimo pode ser
interpretada como avanço. Isso porque, quanto mais dependência do piso salarial
nacional, maior a vulnerabilidade da família, tendo em vista que pode não haver
renda suficiente para sobreviver com tranquilidade.
Sua análise usa como base estudo do Dieese
(Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) sobre a
renda mensal necessária para uma família viver com condições mínimas. Em
dezembro, esse valor era de R$ 2.765,44, o que, em média, equivale a R$ 864,20
por morador nos domicílios na região. No Estado de São Paulo, o salário-mínimo
paulista era de R$ 755 no ano passado.
DOMÉSTICAS – A redução do número de empregadas
domésticas mensalistas que migraram para atividades como diaristas também pode
explicar a evolução da renda da classe C na região. “Muitas delas estão
incluídas neste grupo”, destacou Prearo.
Segundo a PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) da
Fundação Seade e do Dieese, de 2011 para 2013, o número de empregadas
domésticas mensalistas moradoras da região baixou de 38 mil para 33 mil. Já o
grupo de diaristas saltou de 25 mil pessoas para 28 mil.
O presidente do Sindicato dos Empregados Domésticos
do ABC, Jorge Ednar Francisco, diz que, depois da aprovação da Emenda
Constitucional 72, que amplia o direito trabalhista das domésticas, houve duas
pressões para que as trabalhadores mudassem o perfil de suas atividades.
“Primeiro que muitas patroas acabaram demitindo, muitas vezes por falta de
informações sobre as novas regras”, explica. E, por outro lado, revela
Francisco, o valor de uma diária, do começo do ano passado até hoje, já saltou
de média de R$ 80 para R$ 150, o que despertou ainda mais o interesse das
trabalhadoras em pedir demissão de empregos como mensalistas para tentar elevar
a renda como diaristas.
No caso da moradora de São Bernardo Severina Amélia
Maciel, 55 anos, o seu antigo patrão não conseguiu manter o seu pagamento em
dezembro. Ele explicou à doméstica que não teria mais renda suficiente para
utilizar seus serviços, tendo em vista que ele se aposentou, conta Severina.
Hoje, divorciada e morando junto com sua filha
caçula, Severina se mostra disposta a encarar o serviço de diarista. “É bem
mais pesado, mas a remuneração é maior”, avalia. Porém, deixou claro a sua
preferência pela atuação como mensalista. “Prefiro trabalhar de segunda-feira a
sexta-feira (em uma mesma casa). Isso gera muito mais confiança com o patrão.”
O rendimento também é maior ao trabalhar com
diarista porque os valores são líquidos, e não incluem o pagamento do INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social), que deve ser recolhido à parte.
EMPREGADOR – A renda média familiar da classe de
consumo A teve queda real de 5,1%, passando de R$ 9.711 para R$ 9.218 de 2011
para 2013. Na avaliação de Prearo, uma das hipóteses para essa redução foi o
recuo na participação de autônomos e empregadores no Grande ABC em 2013 ante
2012, como aponta a PED.
A classe B, que representa metade da população da
região, teve uma alta real de 2,7% na renda, de R$ 4.327 para R$ 4.444. E o
grupo formado pelas classes D e E, decréscimo de R$ 1.392 para R$ 1.383.
Fonte: Diário da Grande ABC, com informação da FETRACOM/BA
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