O sindicalismo, respeitando as
próprias diferenças, mas se concentrando no princípio da unidade, vai no
caminho oposto. As centrais se reúnem, debatem, divergem, mas, ao final, se
articulam unitariamente.
João Franzin*
Enquanto partidos, segmentos políticos, grande mídia e supostos analistas desenham um cenário nacional de desorientação e tentam passar a imagem de um país no abismo, o movimento sindical faz o inverso.
O sindicalismo, respeitando as próprias diferenças, mas se concentrando no
princípio da unidade, vai no caminho oposto. As centrais se reúnem, debatem,
divergem, mas, ao final, se articulam unitariamente.
Exemplo disso é o grande ato nacional, em 9 de abril, para o qual CUT, Força,
UGT, Nova Central, CTB, CGTB e outras entidades já definiram forma e conteúdo.
A manifestação programada reafirma as demandas classistas, marca seu caráter
cívico e chama atenção para o aspecto pacífico, que é marca das lutas
trabalhadoras brasileiras.
A diferença qualitativa entre a interpretação da realidade nacional por grupos
(mídia, inclusive) de oposição e a postura articulada e unitária do movimento
sindical tem explicações. Os primeiros expressam o País (quanto pior melhor)
que eles gostariam de ver, pois combatem a atual hegemonia política; já a
representação trabalhista expressa o País real vivido - onde o peso dos avanços
não é contaminado pelo preconceito de classe, por erros (concretos) do governo
ou desvios ideológicos.
O movimento sindical é um crítico atento da política econômica do governo
(especialmente na questão dos juros, no alinhamento ao grande capital e quanto
às benesses a multinacionais). E, dia 9, expressará, com força, essa
divergência. Mas, ao contrário da pequena e grande burguesia radicalizada, o
sindicalismo sabe que a melhora na vida do trabalhador depende de mais Estado,
de mais políticas públicas, de mais democracia e de um ordenamento jurídico que
reforce a cidadania.
Mesmo o protesto dos 20 mil do MST, quarta, em Brasília (com a radicalidade que
é marca dos Sem Terra), em nenhum momento confrontou os fundamentos do Estado
de Direito. Ao contrário, os manifestantes cobraram um governo mais
progressista e políticas públicas favoráveis a um modelo agrícola centrado na
propriedade familiar, livre do rolo compressor do agronegócio.
Por força da profissão, falo diversas vezes ao dia com sindicalistas de
diferentes categorias profissionais e origens ideológicas. Todas as ações
narradas, todas as providências - ainda que formais e administrativas -
tomadas, todas as iniciativas políticas advindas dessas entidades mostram um
caráter agregador e construtivo.
O sindicalismo, que apoiou Getúlio e Jango, que enfrentou a ditadura, que foi
às ruas nas Diretas-Já, que combateu Collor de Mello, que repudiou o projeto
neoliberal dos anos FHC, mostra, mais uma vez, coesão, clareza e indica o
caminho dos avanços.
As lições do sindicalismo servem primeiro aos trabalhadores. Mas podem também
orientar setores confusos da Nação.
(*) Jornalista da Agência Sindical
Fonte: Diap
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